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segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Bruxelas - Semana 13

Desde que marquei a viagem a Ljubljana, há cerca de dois meses, que sabia que, quando acontecesse, iria significar que estaria a apenas uma semana de acabar o meu Erasmus (ainda terei Janeiro, mas já será altura de exames e, apesar de para mim ser mais ou menos o mesmo, não o será para a maioria das pessoas). E de facto, já posso dizer que estou a menos de uma semana de regressar.

Começando pelo início, na segunda-feira apresentei o trabalho para o curso de Francês, sobre o Tintim. Basicamente, o meu grupo fui eu e três gajos beta, que nem sequer leram a saga mas enfim, há que fazer um trabalho, portanto bora lá com este bacano que parece ativo e interessado. Fomos ao museu Hergé, em Louvain-la-Neuf - recomendo imenso -, onde eles estiveram uma hora e eu quase o dobro, e para o trabalho, deixei 4/5 slides feitos, fui para Hamburgo, volto e nem sequer dez estão. No dia da apresentação, um deles apenas saiu do grupo no Facebook e não apareceu. Mas ya, correu fixe, não falei tão bem como já queria falar mas foi uma experiência e certamente que melhorei. O resto, sabe de si.

Na terça e na quarta, o principal que fiz foi ir à European Angst Conference, uma conferência sobre o estado social e político da Europa, e em especial da União Europeia, atualmente, que contou com nomes como o filósofo esloveno Slavoj Zizek e a Nobel da Literatura alemã Herta Müller - esta última que falou nos discursos de abertura, que eram nas línguas de origem dos oradores mas havendo auscultadores com a tradução para inglês ou francês à entrada, coisa que desconhecia a priori, pelo que fiquei tão entediado que até li o relatório do PISA durante esse tempo. No geral da conferência, deu para concluir que, de facto, a maior parte do "mal" é originada pela inação dos "bons" e não pela ação dos "maus". Esperemos que abramos os olhos em breve, pois prevejo que, caso a Marine Le Pen ganhe para o ano, o que levaria à saída da França da UE, esta caía e, daí até a uma hipotética Terceira Guerra Mundial, era uma questão de meses. O quão eu quero estar errado.

E lá fui, então, para Ljubljana na passada sexta-feira. Fui com a Mireia, a espanhola/catalã (depende se está a ler isto hoje ou daqui a uns anos) com quem já havia perdido o voo para Dublin mas, e dada a importância desta viagem - marcámos logo no início de outubro e ela tem uma grande amiga lá a estudar -, correu tudo bem para ir. Chegámos cedo, fomos a casa da Berta, a amiga, deixar as cenas, fomos comer a um spot bacano que faz refeições de cada país com uma certa periodicidade (comi uma sopa zimbabweana), por exemplo, tendo-se juntado a nós a Nora, a colega de casa da Berta que é galega e que conhece Chaves, e andámos a passear até jantarmos por casa. À noite, já cá estavam o Tomás e a Inês, meus antigos colegas na FCUL, de Biomédica (o meu curso honorário), e fomos só beber essa e ir xonar, pois no dia seguinte havia que acordar cedo.

Sábado, alugámos dois carros, pois éramos oito - tendo ficado a cerca de 20€ a cada, com gasolina e seguro incluídos - e fomos passear pela Eslovénia, tendo ido primeiramente a um lago que agora não sei qual é mas que não achei nada de especial, apenas engraçadito. Em seguida, subimos à catarata de Pericnik, uma coisa incrível mesmo, e seguimos para a mítica Bled, uma localidade construída à volta de um lago lindíssimo. Não estivemos aí muito tempo, o que foi pena, mas ainda deu para comer o bolo típico, muito bom também, ver as vistas e voltar a Ljubljana pois às 17h já estava escuro. Depois de voltar a jantarmos por casa, estivemos ainda por lá com os amigos da Berta e os meus - e a tentar fazer uma torre de latas de cerveja, até que, e após ela estar sempre a cair, caguei só e disse a um dos alemães para as pormos debaixo dos pés e andarmos a fazer ice-skating - e eles foram sair, sendo que eu fui ter com uma eslovena que se ofereceu para me dar couchsurfing.

Foi uma experiência fixe, pois conheci os (bêbedos) amigos dela, fomos sair para o Cirkus, onde ao que parece se paga sempre entrada mas os contactos deste pessoal levaram a que entrasse à pala, um sítio com dois manos a fazerem de DJ USB e a mandarem umas rimas só para disfarçar mas que, pelo menos, não era a merda de Latina e Reggeaton que é por Bruxelas, e bazámos já depois das 4h. Em casa dela, a Ziva ficou com um dos amigos, assumo que (pseudo)namorado e eu na sala com a gata, que ela me tinha avisado que existia. Porém, não esperava que saltasse por todo o lado, se quisesse pôr debaixo do meu cobertor, o que, a juntar à minha alergia, fez com que ainda antes das 8h desse o baza por não aguentar mais. Andei cerca de uma hora sozinho por Ljubljana, que é uma cidade relativamente pequena, pois parei a meio de ir para a praça central num pequeno centro comercial para comer algo e ir à casa-de-banho. O que consegui, pois devia estar com um aspeto tão perdido que, após perguntar à gaja de um café onde era e ela me dizer que não havia, me deu a chave da do staff do seu estabelecimento. E a minha mãe ainda acha que andar barbudo tem desvantagens.

Depois, fui ao hostel dos meus amigos, fomos a um free tour - onde o gajo, um porreiro, voltou a dizer as piadas que todos fazem, seja em Copenhaga, Hamburgo ou Ljubljana -, passámos no Castelo, que se for só pelas vistas, como nós fomos, só vale a pena pelo passeio, deixámos a Inês na estação, fomos para o Tivoli comer ganda hamburguer de carne de cavalo, e depois disso voltámos, fomos de novo ao centro para aí beber um vinho quente (isto sempre a preços modestos) e depois de o Tomás se ir embora, voltámos a casa pois o meu aspeto não melhorou muito desde o episódio com a generosa moça dessa manhã. Ficámos a ver um filme pela noite - quer dizer, eu vi metade, previ o final e fui dormir -, e hoje voltámos a Bruxelas. Podia ter corrido tudo bem, se o avião não se tivesse atrasado, eu tivesse conseguido avisar o gajo do blablacar pois, além de ter mudado de número sem me dizer, o site estar a crashar - o que também não me deixou reservar outro - e, assim, não ter de arrotar dezassete euros para vir no shuttle. Enfim, não será disto que me irei lembrar, ou pelo menos não será o principal. Estes imprevistos todos é que me estão a deixar sem dinheiro nesta reta final, está a ficar complicado e quero mesmo aproveitar o máximo possível antes de regressar.

Esta semana terei imenso que fazer, pois tenho amigos cá, uma conferência sobre competências multiculturais na Europa - explicarei melhor no próximo post - e vou na quinta-feira de novo a Hamburgo, para voltar no sábado, ir à Erasmus Goodbye Party e domingo de manhã estar de caminho para voltar a Lisboa. Para Hamburgo, uma vez que cada viagem é 5€ e demora uma hora, vou para ver a Hanna, a finlandesa com quem estive no início do mês. Não sei no que vai dar, nem quero saber na verdade, pois, e uma vez mais, pensar demais neste tipo de coisas só faz pior; estou descomprometido, apetece-me, a ela também, vamos fazê-lo, ponto. Além do mais, a Marta parece que deixou de me responder, sendo que, caso se deva a isto, não acho justo; falo dela aqui desde Setembro, sugeri-lhe trocarmos postais/cartas, não me parece que seja algo que faça com todas as gajas, ainda para mais estando agora três meses fora. Gostava mesmo que tivéssemos algo e continuo a ter isso como prioridade, mas (por enquanto) não temos, pelo que não devo nada a ninguém; e se fosse ao contrário, aceitá-lo-ia sem problema. Na minha cabeça isto faz sentido, talvez na dela não então, mas isso é só mais uma razão para irmos jantar no domingo e falarmos de vez das coisas. Vamos ver como vai ser no regresso à ocidental praia lusitana.

Um bem-haja,
Pedro Mendes

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