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segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Bruxelas - Semanas 11 e 12

Eu sei, estou de novo uma semana e um dia atrasado, mas ya, ter pessoal em casa, viajar e tal, não tive mesmo tempo em nenhum dos dois passados domingos para o fazer; na verdade, no primeiro não me lembro por que raio não tive mas agora já é irrelevante.

Nesse fim-de-semana, o mais fixe que fiz foi participar numa simulação do Conselho Europeu. Basicamente, cada um dos participantes tinha um papel - lobbista, membro da Comissão, deputado de cada país da UE (ou quase, pois Portugal não estava representado no meu tema, por exemplo) - e haviam, então, três temáticas, sendo que a minha foi sobre a Defesa dentro e fora do espaço europeu.

Com imensos italianos na simulação, calhou-me a mim o papel de representar os transalpinos. Tínhamos uma proposta da Comissão que ia ser submetida ao Parlamento para ser aprovada mas, antes, passava pelo Conselho e podíamos votar por alterações à mesma, consoante os nossos interesses - os meus, por exemplo, era que a Itália fosse a sede dos battlegroups da UE e que fizesse alianças com França e Alemanha, entre outros. No final, consegui que algumas alterações que sugeri fossem aprovadas, quer após negociar com letões e eslovenos, quer britânicos - que basicamente eram contra tudo, é claro - e espanhóis (no caso destes países, curiosamente, eram italianas quem os representava) mas as que incluíam os países "grandes" a mandar foram chumbadas por causa dos votos negativos dos pequenos. No fundo, acho que simulámos bem a cena.

Depois disso, tive cá amigos, e então fiz finalmente um tour pela cidade, andámos a passear e eles tinham space cakes, por isso apanhámos uma moca bacana na terça-feira (isto com cada um a comer um quarto de bolo, imagino os assados que enfardam um inteiro), dois deles foram embora quarta, e na quinta tive cá outro ainda e andámos a passear até eu depois ter as minhas aulas.

Na sexta, fui para Hamburgo com o Luis, um dos gajos com quem mais me dou por aqui. A cidade é muito fixe mesmo, com uma mistura arquitetónica muito bem conseguida entre o novo e o velho, é uma outra versão de Veneza no norte da Europa - os italianos não gostam nada que o pessoal diga isso de outras terras apenas por também terem canais -, com a segunda maior ilha fluvial do mundo, a seguir a, claro está, Manhattan. O gajo onde fiz couchsurfing é que foi mesmo bacano connosco, ajudou-nos com direções, emprestou-me um casaco após ter perdido/terem-mo levado num bar, ainda nos deu comida, mas no geral achei o pessoal careto como o caralho; mal se esforçam para ajudar os turistas e/ou falar inglês. Eu não gosto de generalizar nacionalidades, mas a minha amostra de alemães, a juntar aos dias que passei em Munique e Colónia, não é mesmo a mais positiva.

Isto, claro, excetuando a Hanna, uma finlandesa que conheci no sábado. Íamos no comboio e perguntámos por onde era o City Hall - provavelmente o mais bonito que já vi - a um sírio que mal falava inglês, até que ela interviu para nos ajudar e saiu connosco para nos mostrar o caminho pois trabalhava numa loja na avenida que vai desde a estação central até lá e que, nessa noite, estava à pinha mesmo com uma boa parte dos quase 2M de habitantes da segunda cidade mais populada da Alemanha. Quando nos íamos a despedir, disse-lhe que ia passar mais logo para ver a loja e mesmo apesar do meu amigo achar má ideia, fi-lo, e ela estava de pausa, pelo que perguntei por ela a uma colega sem saber ainda, na altura, o seu nome - tanto que essa colega lhe foi depois dizer que um weirdo passou por lá e para ter cuidado.

Nessa noite, fizemos um pub crawl e disse para a Hanna aparecer, pelo que se juntou a mim, ao Luis e a um croata mesmo bacano que trabalhava nos EUA mas que se demitiu há uns meses e na noite anterior havia gasto quase mil dólares nos bares de strippers e assim. Eventualmente, ficámos sozinhos e envolvemo-nos e ainda fomos a outro bar com o resto até o resto ter desaparecido no último de cinco, ao passo que o Luis já há muito que não se via e começava a ser preocupante. Quanto à cena do casaco, quando o entreguei para o roupeiro, o gajo só deu um papel à Hanna, não a mim, portanto assumi que fosse para os dois, e no final não estava lá nada; ao que parece, vendo as câmaras, um mexicano com quem falámos durante a noite e que era, ou parecia, bacano, levou-o e estou agora a contactar a organização para ver se o encontro.

Voltámos a estar juntos no dia seguinte à noite, lá em casa do Jöchen, o anfitrião onde fiquei a dormir, e depois de novo em casa dela tal como na noite anterior - sendo que, desta vez, já pude sair pela porta e não pela janela. Foi fixe, precisava de algo assim há alguns meses e o melhor foi que correu exatamente como idealizei e com ela passou-se o mesmo, pela primeira vez. Não consegui evitar ficar triste quando me vim embora, e o Luis, que acabou todo perdido nessa noite e que encontrei em casa na manhã seguinte, de direta, disse que a vida é aprender a despedir-se, e deve ser a coisa mais acertada que já o ouvi dizer.

Um bem-haja,
Pedro Mendes

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