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sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Viagem a Copenhaga

O post desta semana vai sair já hoje, pois, para mim, a minha semana acabou quando voltei de Copenhaga. Até domingo, o que vou fazer - a começar por hoje, quando cheguei para a segunda parte de uma aula e, como à primeira só tinha ido um aluno, não houve mais nem sequer a da tarde - será, talvez e ainda assim, um bocadinho mais que o número de candidatos adequados à Casa Branca para as eleições da próxima terça-feira.

Na noite de Halloween houve esta festa de Erasmus em casa de umas amigas e eu tinha reservado um Blablacar para ir para o aeroporto de Charleroi para as 4h30 (que depois passaram para 4h15), pelo que levei logo a mala feita para ir direto. Entretanto, e após uns shots, outras cervejas, uma erva trazida de Amesterdão e ter ficado de pelota, o pessoal saiu para ir para os cafés ao pé do Cemitério de Ixelles, onde a malta sai entre o campus de Solbosch e o de La Plaine - para onde eu fui apanhar o carro.

A viagem foi tranquila, comigo ainda meio bêbedo e a começar a ressacar ao mesmo tempo. Chegando ao aeroporto, a de avião então foi a que passou mais rápido: só me lembro de sentar, adormecer, vir uma hospedeira pedir-me para levantar a mesa, dormir novamente e, de repente, ser de dia, estar a chegar e a bebedeira ter passado. Perfeito, bora lá.

Fui deixar as coisas a casa de uma amiga que está lá a estagiar, dormi uma hora e fui para o centro onde ia ter um free tour pela cidade de hora e meia. Aprendi factos bastante interessantes (por exemplo, há uma fonte, construída pelo rei Christian IV, que foi feita para deitar vinho, em vez de água, para uma cerimónia), fui almoçar no Copenhagen Street Food Market e, depois de ir a um posto de informações e descobrir que o passe que comprei de 72h tinha alcance até onde estava a ficar alojado - e, portanto, ter já gastado o mesmo número de coroas para nada nesse dia -, decidi não deixar para depois e ir desde logo a Malmö. A viagem, ida e volta, foi de cerca de 170 coroas, ou seja, 22€. Além da Escandinávia ser provavelmente a zona mais cara da Europa depois de, provavelmente, Londres e Paris, a noção de dinheiro é feita às dezenas: para eles, algo que custe até cinquenta "cenas" é considerado barato, pois 35 DKK equivalem a cerca de 5€.

Entretanto, cheguei a Malmö, após ter vindo a falar com um dinamarquês (temos de começar a ser como os ingleses e os espanhós e a chamá-los de "daneses", é bem mais curto) que falava espanhol e, depois de ter ido ao turismo e sendo já 15h30, pus-me logo a andar para sul, para ao pé de uma torre futurista que é também o ponto mais alto da península.

A torre não é nada de especial; tem uma forma em espiral, ya, mas é meramente de apartamentos, pelo que nem sequer fui muito perto dessa zona, toda ela cheia de casas também elas avant-garde. Agora, o pôr do Sol com vista para a ponte que liga a Dinamarca à Suécia é uma cena linda. Aconteceu às 16h30, o que quer dizer que, pouco mais de meio dia antes, estava eu consideravelmente não-sóbrio em Bruxelas. E agora, estava sozinho, a levar com vento por todos os lados, no sul da Suécia, a olhar para o Sol a pôr-se às 15h30 do meu país Natal. Lindo.

Como decidi ficar um bocado mais a passear por essa zona, quando fui finalmente para o centro da cidade, já não havia luz natural. Porém, deu para ver parques e zonas verdes com água pelo meio, praças bastante arranjadas, pessoas na rua, luzes, enfim; Malmö, como dizem os espanhóis, "me encanta" e hei de certamente voltar. Ao voltar para ir apanhar o comboio, desta vez na estação na parte norte e não na Central, onde havia saído três horas antes, o mesmo havia sido cancelado sem razão aparente; nada é perfeito, afinal.

Cheguei a casa já só por volta das 20h30, para jantar com a Inês, e depois disso uma holandesa convidou-me para "hang out" pelo couchsurfing, onde andei à procura de alojamento previamente. Como tinha outro tour, este de três horas, às 11h do dia seguinte e estava com uma hora de sono seguida em cima, demorei a decidir-me e ela depois acabou por ir para casa - e, ao que parece, ter alguns problemas que felizmente se resolveram -, pelo que combinámos encontrar-nos para me mostrar a cidade quando for a Amesterdão daqui a duas semanas.

O dia seguinte começou, então, com esse tal tour, o Grand Tour, por três quilómetros pela cidade, onde voltaram a falar dos incêndios que houve na cidade - dois, o que é incrível dado o frio que estes bacanos rapam -, do príncipe que é casado com uma australiana que conheceu nos olímpicos, no bispo Absalon que ganhou uma batalha pois destruiu a estátua do Deus de outro pessoal e então eles acharem que, assim sendo, a única coisa a fazer era a rendição, e muitas outras. Foi aqui que conheci uma escocesa, a Nicole, com quem fui depois ver A Pequena Sereia - que não é tão fixe como dizem os não-dinamarqueses, mas também não tão desapontante segundo os locais - e que combinei ver mais tarde antes de fechar a janela do Facebook onde anotei o nome dela. Felizmente, após chegar, acabei por a encontrar e talvez a volte a ver.

Depois disso, fui para o tour por Christiania, um bairro de Copenhaga, desta feita em castelhano pois as espanholas e mexicanas que vinham também desde Bruxelas já tinham chegado, além da minha colega de casa portuguesa. Este bairro é especial pois tem a sua própria lei (de certo modo) e, apesar de desacatos recentes, a polícia não entra, ou algo do género. O que há a reter daqui, porém, é que recomendo imensamente estes tours para quem for à capital "danesa". Só tenho pena de não ter tido mais dinheiro para a gorjeta, uma prática quanto à qual sou contra no geral mas não em casos com este.

Depois disto, fomos comer para um bar de estudantes de Erasmus e juntou-se a nós um gajo do BEST que conheci aqui em Bruxelas e que está lá em mobilidade. Fomos para a sua residência - enorme, para 700€ por pessoa por mês, com portas "normais" automáticas à imagem do resto da cidade - onde ficámos a beber, sendo que depois, e após as raparigas se terem ido embora, ainda fomos a um bar (com ele a explicar-me grande tática para tentar sacar uma das mexicanas e eu a rir-me bué) mas estava fechado e fui então também eu para casa.

Ontem, o último dia, já não fiz nenhum tour. Fui deixar a bagagem ao hotel delas, levei-as ao Grand Tour, fui ver dois museus. Primeiro, as ruínas do palácio de Christiansborg - que começou por ser construído pelo tal bispo badass há mais de 800 anos, tendo mais tarde passado a ser castelo "oficial" da cidade e ir agora na terceira versão com o nome atual (castelo de Christian), pois as duas anteriores, tal como o resto da cidade em algum momento, ardeu. É por isso que algumas casas não têm a esquina em 90 graus, mas em 45 graus, pois foram remodeladas após um dos incêndios e estando assim é mais fácil de combater um possível fogo no local. Aprendi bastante sobre a história da cidade nesse lugar; por exemplo, Kobenhavn, o nome da cidade, vem de Koben (mercado) e Havn (forma curta para porto). Bem, na verdade isto aprendi pois estava mal explicado na exposição e fui posteriormente questionar um dos gajos na bilheteira, mas conta. E vale mesmo a pena, pois também se pode ver, com outro tipo de bilhete, a antiga cozinha (40 DKK para estudantes, 60 DKK "normal") e ainda o local onde a rainha faz, ainda hoje, receções a convidados (o dobro do preço).

O outro museu que fui ver, após ter perguntado a umas dez pessoas, foram os Danish National Archives, que não sabia o que era mas que consistia numa exposição sobre como era ser um jovem dinamarquês nos anos 50 e 60, ou seja, em plena Guerra Fria. Não se pagava, mas não era por isso que não deviam ter mais que apenas um pequeno resumo em inglês, pois gostava de ter aprendido bem mais do que fiquei a saber. Este recomendo caso passem lá perto; se não, dá para ver na mesma recortes de jornais e objetos da época, mas se não souberem a língua vão ficar consideravelmente à toa.

Após isto, juntei-me novamente às hispânicas perto da "sirenita" e fomos à torre do Christiansborg ver uma vista fenomenal por Copenhaga - uma boa maneira de me despedir da cidade. Depois, fomos a um shopping ver de chocolates e merdas que elas queriam (na verdade era apenas comida), fui ao hostel pegar a mala, fui para o aeroporto, onde houve grande espera após ter chegado atrasado à porta de embarque mas o voo chegou na mesma a horas - e fui à janela, para contrariar o clássico aviso da Ryanair de "reserve o seu lugar, pode ficar com um no meio"!

Chegado a Bruxelas, bem, tive de arrotar 17€ pois não consegui um blablacar, por ter estado na fila errada, só apanhei o da meia-noite e quando cheguei já não havia transportes e paguei mais 15€ para chegar a casa. Ridículo, estava quase a bufar mas é aqui que há que ser estoico.

Conclusões da viagem: Copenhaga é do caralho. Pagava tranquilamente 68% de impostos para ter o país a funcionar bem, organizado, com pessoas que nem pensam em se esquivar às leis pois as coisas, de facto, funcionam e bem - até uma televisão com notícias e wifi nos autocarros têm! Acostumando-me ao clima, ponderarei seriamente viver por lá; aliás, hoje mesmo comecei a aprender dinamarquês no duolingo para isso mesmo. Foi uma grande experiência, das melhores pelas quais já passei.

Um bem-haja,
Pedro Mendes

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