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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Annus mirabilis 2.0?

Criei este blog no dia 1 de Julho de 2011, após um sérvio de vinte e quatro anos chamado Novak Djokovic que, até ao início desse ano, tinha conquistado apenas um torneio do Grand Slam (na mesma temporada em que venceu a sua única Tennis Masters Cup, em 2008) ter derrotado Jo-Wilfried Tsonga nas meias-finais do torneio de Wimbledon e, assim, assegurado a sua subida à liderança do ranking mundial masculino - revejam aqui o meu primeiro post, não justificado e sem parágrafos escrito por um jovem estudante da escola do Tramagal, uma vila pacata do concelho de Abrantes.

Como o tempo passa! Escrevia há dois meses para o Bolamarela, o que me estava a deixar com dúvidas sobre se queria de facto seguir Engenharia, mas queria entretanto ter Física como disciplina no 12º ano e estava prestes a ir para a sede de concelho terminar o secundário com distinção e um diploma de mérito académico - diria com "modéstia à parte" mas considero isso um valor meramente politicamente correto, ao contrário da humildade que é extremamente necessária e bem mais objetiva.

Posteriormente, tirei de cima da mesa a ideia de ir para Jornalismo - apesar de a ter guardado numa gaveta que talvez ainda abra num futuro próximo - e ingressei na FCUL em Engenharia Física. Licenciei-me no passado mês de Julho, com uma média relativamente baixa mas com o facto "curioso" de ter sido o único dos que, no meu ano, entraram com menos de 18 anos e terminaram o 1º ciclo do nosso mestrado integrado em três anos, obtendo provavelmente a licenciatura mais inútil de sempre, em Ciências da Engenharia - Engenharia Física. E cá estou eu agora no Instituto Superior Técnico, a minha primeira opção na minha candidatura inicial à faculdade, no Mestrado em Engenharia Física Tecnológica (que me tem colocado bastantes dúvidas quanto ao que quero mas que conto que se clarifiquem nos próximos meses). E eu ainda leio livros do Astérix e do Tio Patinhas, jogo ao balão com miudinhos quando devia era estar a apresentar exposições em museus e compro gomas com bastante regularidade.

Entretanto, continuo no Bola, o Uspeti continua de pé, cofundei e escrevi para uma revista na FCUL - da qual fui expulso, noutros tempos -, escrevo atualmente para a Pulsar no IST e colaboro ainda no site Bola24, além de tudo o resto que vou fazendo e me faz tirar tempo para estudar (não é nenhuma desculpa, eu faço isto deliberadamente e não me arrependo de todo). Mas isto tudo para dizer o quê, se afinal ainda sou só um gajo que sabe umas cenas de Física e escreve umas coisas? Porque, nestes pouco mais que quatro anos, esse bacano de que comecei por falar logo na primeira linha continua a dar que falar. Quatro anos mais velho, logo, mais experiente - como diria, apesar de mais eloquentemente, Jorge Jesus -, Djokovic tem liderado o circuito nesta segunda década do século XXI e tem em 2015 uma temporada talvez ainda mais incrível que essa de 2011.

De facto, dois dias depois de ter criado o blog, o "Nole" venceu o seu primeiro título no All England Club, conquistando, ainda, o US Open em Setembro. Ou seja, três dos quatro Majors, tal como este ano. Porém, o sérvio chegou às quatro finais em 2015, tendo-se ficado pelas "meias" em Roland Garros'2011 - onde achava que teria ganho caso tivesse chegado à final, mas este ano chegou após derrotar o Nadal e isso não aconteceu e fiquei mesmo triste. Além disso, desde o Australian Open inclusive que esteve em TODAS as finais dos eventos que disputou nesta temporada, tendo batido o seu recorde de 2011, igualado pelo Nadal em 2013, de vencer cinco Masters 1000 no mesmo ano, pois este ano foi meia dúzia.

E lembram-se de eu dizer que ele só tinha vencido um título da Tennis Masters Cup? Bem, o "Masters" evoluiu, agora chama-se ATP World Tour Finals, é em Londres e o nosso homem elevou hoje o quarto consecutivo, batendo outro recorde e mantendo 2011 como o único ano em que não triunfou no torneio de fim de ano. Simplesmente incrível por parte do "Nole", para mim, além do melhor do momento e, espero, um dia o melhor de sempre, o tipo mais porreiro do circuito (esta live-stream no Facebook de hoje foi épica!).

Até 18 de Abril de 2016, pelo menos, será Novak Djokovic o líder dos Emirates ATP Rankings - patrocinados pela South African Airways em 2011, noutra diferença. Para esse ano, só quero mesmo que fechemos finalmente o Grand Slam com a conquista de Roland Garros e ainda vencer o último Masters 1000 que falta, em Cincinnati (e, caso dê, a medalha de ouro no Rio também). O resto, bem, não se diz que não e mantendo esta forma será muito difícil não o vencer. Porque esta é definitivamente a década do Djoker.

Pedro Mendes

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Legitimidade

A Grande Área Metropolitana de Lisboa tinha, em 2011, cerca de 2,8M de habitantes, o que perfaz mais de um quarto da população nacional. Apesar de infelizmente às vezes parecer, Portugal não é considerado apenas Lisboa.

E estamos a falar de 2,8M. O que dizer, então, de menos de 2M, ou seja, menos de 1 em cada 5 portugueses? Será que esses representam a vontade de todos os portugueses? Como é possível alegar-se que se tem legitimidade para governar, se, por exemplo e estatisticamente, se estiver com os meus pais e irmãos à mesa apenas um de nós querer a coligação PàF a governar o país? Sim, muito do resto votou por protesto e não votou numa coligação (a mesma palavra) à Esquerda, sem dúvida. Agora, de certeza absoluta que não votou no PàF, e isto parece-me bastante fácil de perceber.


Porque ter sede de poder não é coligar-se com outros partidos para poder ser Primeiro-Ministro - apesar de, neste caso, estarmos a falar da pessoa que menos queria ver nesse cargo. Ter sede de poder é, sim, anunciar uma demissão irrevogável para poder chegar ao cargo de vice-PM. E estamos a falar de um homem que também atacou o chefe do Partido com que se coligou depois das eleições de 2011 (wow, outra semelhança!) antes das mesmas terem lugar.


É que sim, quem "ganhou" as eleições foi o PàF. Mas lá está, "ganhou". Porque a maioria parlamentar não é nem do PSD, nem do CDS - sim, dois partidos, não um - e, como tal e por via DEMOCRÁTICA, foi hoje aprovada uma moção de rejeição ao governo. O povo elegeu deputados para a Assembleia, para os representarem, e os mesmos recusarem um governo no qual apenas 20% do povo votou. Se isto não for democrático, então não sei o que é.


Uma vez mais, se eu quero o António Costa como Primeiro-Ministro? Zero. Mas a Esquerda também tem o direito (boa antítese) a coligar-se, ao contrário do que o nosso Presidente da República acha. E se queremos mudar alguma coisa, não é com os mesmos partidos de sempre que isso acontecerá. Porque até o PAN votou a favor da moção, e que eu saiba eles mantêm-se na sua ideia de que a águia não devia de poder voar na Luz (ou pelo menos até a verem, que aquilo é lindo e não é certamente o principal problema do país).


Como disse o Rui Tavares na altura - daí, em parte, ter votado nele - e ninguém lhe ligou nenhuma, a Esquerda devia de ter chegado a acordos logo antes das eleições e evitar esta palhaçada. Não o fez, vem fazer agora e parecer que sai à pressão, mas é assim que o sistema funciona e acho que merece esta oportunidade. Teremos eleições presidenciais daqui a meses, portanto, deixemos o Marcelo depois decidir o que fazer. Se o PàF for assim tão legítimo, certamente que terá maioria absoluta num próximo sufrágio.

Pedro Mendes

domingo, 23 de agosto de 2015

O "quase"

Sempre fui muito exigente com os meus ídolos no desporto, tal como tento ser comigo mesmo na minha vida. É uma maneira de torcer por clubes, ou só atletas, que às vezes me faz parecer que não sou adepto - um benfiquista já me respondeu a um comentário com "o teu clube é que deve ser bom", numa notícia em que criticava o então treinador do Benfica Jorge Jesus -, mas ser adepto, para mim, é detetar o que está mal para poder corrigir e festejar no final, em vez de vangloriar o que está bem e depois, afinal, não estar assim tão bem.

Talvez seja por isso que acho que tenho uma tendência para torcer por clubes do "quase". Antes de mais, sou português, e cingindo-nos ao futebol, se há seleção que está sempre quase a ganhar seja o que for somos nós - os holandeses também já foram quase campeões mundiais por três vezes e, curiosamente, ou talvez nem tanto, são a seleção que torço para a vitória nas grandes competições.

Depois, ainda no futebol, simpatizo com o Real Madrid em Espanha, que talvez seja o único dos "meus" clubes que de facto sempre foi e sempre será um dos melhores do mundo. Em Itália, o Inter, que sempre foi o terceiro clube e até nem costuma falhar nos momentos decisivos, talvez por não ter assim tantos comparado com o AC Milan ou a Juventus - se bem que podiam pelo menos ter sido campeões italianos quando o Ronaldo, esse sim o meu jogador preferido de sempre, lá esteve. É que o Fenómeno teve uma carreira estrondosa, mas campeonatos nacionais são poucos, e Ligas dos Campeões, o máximo que fez foi fazer parte da equipa do Milan vencedora em 2007... mas ele chegou em Janeiro, já não pode ser inscrito.

Chegamos, finalmente, aos três clubes pelos quais não apenas simpatizo mas posso-me considerar adepto: o Chaves, o Benfica e o Liverpool. O primeiro, admito, é unicamente por ser flaviense, mas os de vermelho fui descobrindo com o passar dos anos que não consigo evitar não torcer por eles. Para meu mal, às vezes.

Acima de tudo, não há uma temporada em que estes três tenham sucesso, ou sequer dois deles. O Benfica é bicampeão, mas, em 13/14, se o Liverpool esteve quase a ser campeão - e voltou a não ser, com (não) tem sido desde 1990 -, o Chaves esteve perto de ir ao play-off de subida. Tudo bem, ao menos voltámos a ganhar a liga e o Chaves tinha acabado de subir desde a antiga II B, mas esse era finalmente o ano do Gerrard! Custou, mas enfim, o próprio diz que mesmo sem a Premier League considera a sua carreira perfeita e eu acredito.

Na temporada passada, bem, com a saída do Suárez, nunca esperei muito dos de Merseyside e eles encarregaram-se de me acabar com as expetativas de uma temporada igual à anterior logo nos primeiros meses - se bem que houve ainda, claro está, a quase passagem da fase de grupos da Liga dos Campeões, que teria sido alcançada com mais um golo no último jogo frente ao Basel. Entretanto, o Benfica fez o bi, numa temporada onde o Porto era claramente a melhor equipa, e preferi termos ficado em último no grupo da Champions que ter perdido outra final da Liga Europa - Benfica, o campeão dos quase vencedores de competições europeias com outro treinador que não Béla Guttman.

Mas o Chaves?! Estivemos em primeiro, em segundo, em primeiro outra vez, e de facto podíamos (e devíamos) ter assegurado a subida antes da última jornada, mas éramos campeões da II Liga aos 90+2... E aos 90+3, com um golo do Tondela frente ao Freamunde, caíamos para terceiro e esvaía-se o sonho de voltarmos à primeira divisão. A cidade beirã de Tondela que está (ou já esteve, não sei) na minha vida por boas razões mas que parece ter sempre o potencial de, eventualmente, me deixar arrasado.

Aliás, pensando bem, de facto em 2004/05 fomos campeões e o Liverpool venceu a final da Liga dos Campeões mais emocionante que me recordo. Não foi a Premier, mas tenho a certeza que nenhum dos jogadores dessa altura trocava a "orelhuda" por nada.

No ténis, um desporto que, ao contrário do futebol, tenho genuína pena de ter tanto talento para o praticar como um tijolo, claro que só podia torcer pelo Novak Djokovic, o gajo mais bacano, mais descontraído, benfiquista (!) mas que, uma vez mais, voltou a estar quase nesta temporada.

Atenção, não quero ser mal-interpretado! O que o Nole já fez desde 2011 (principalmente) faz dele o quarto tenista com mais torneios do Grand Slam da história, sendo, ainda, o único que já ganhou oito dos nove eventos da categoria Masters 1000... Porém, continua a faltar o nono, além de Roland Garros! O sérvio está a fazer uma época espetacular, quase tão boa como a de 2011, mas, à semelhança desse ano, continua a faltar elevar a Taça dos Mosqueteiros e o troféu de campeão de Cincinnati... E se nesse ano ele (ainda) só tinha 24 anos e não estava habituado a ganhar com tanta regularidade, este ano, aos vinte e oito, era o ano perfeito de conquistar os Career Slam e Masters 1000.

Porém, hoje foi a quinta final perdida no Ohio, a que se juntou a terceira em Paris há cerca de dois meses e meio. Ambas contra dois suíços, um deles o único e inigualável Roger Federer, mas que o Nole, ao seu melhor, derrota em qualquer piso e em qualquer altura do ano na sua forma atual... Menos, lá está, nesses dois "malditos" locais.

No caso do sérvio, ainda há o terceiro Major do ano para conquistar no próximo mês (que, pelo menos para mim, saberá sempre pior do que saberia Roland Garros ou Cincy). O Chaves - apesar de, a meu ver, talvez com demasiada euforia neste início de época -, e o Liverpool parecem melhores este ano e, no caso dos Valentes Trasmontanos, conto que seja este o ano do regresso ao convívio com grandes. Já o Benfica, com a derrota de hoje frente ao Arouca - de novo a "quase" aproveitarmos deslizes dos rivais -, não prevejo mais que um terceiro lugar no campeonato. Mas enfim, não se pode ganhar sempre.

Pedro Mendes

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Jesus e Maxi, Maxi e Jesus

Quem diria, hum? Há menos de dois meses, foram apontados como dois dos principais responsáveis pelo nosso histórico bicampeonato esse treinador que revolucionou o futebol da equipa e esse (adaptado) lateral-direito que irei sempre recordar com um dos jogadores mais "raçudos" que já vi envergar o manto sagrado. Ambos terminaram contrato no final da temporada, ambos não quiseram (ou nem tiveram oportunidade) de renovar, e hoje estão, mais perto ou mais longe, a preparar a próxima temporada com os nossos rivais de sempre.

Antes de mais, acho que é importante esclarecer que não são casos assim tão parecidos como podem parecer. Começando pela saída do JJ para o Sporting, e pessoalmente, não fico especialmente chateado ou irritado. Este até era o primeiro ano em que estava a favor da sua continuidade desde o Verão de 2010 - após aquele primeiro título em que toda a gente dizia que íamos ser campeões europeus na temporada em que levámos cinco do Porto -, mas se o Vieira, além de não querer renovar, o queria "despachar" para França ou para o Qatar... Que podia o homem fazer? Se não quer ir para nenhum desses clubes, e sendo sportinguista, após terminar o contrato que, repito, o nosso presidente não queria renovar, assinar pelo Sporting é uma decisão perfeitamente compreensível. 

Isto faz-me lembrar um pouco o caso do Fàbregas, que queria sair do Barcelona e regressar ao Arsenal, mas o Wenger recusou-o e portanto acabou por ir para o Chelsea para depois ser apelidado de traidor pelos gooners; é normal acharmos que a preferência de um treinador ou jogador deve ser o nosso clube, caso o mesmo lá tenha passado cinco ou seis anos, mas se não o queremos mais, então é descabido pensar que um profissional de futebol irá deixar de escolher o melhor para a sua carreira por causa de outra fase da mesma.

E é com isto que chegamos agora ao caso do Maxi, que sim, tal como escrevi no primeiro parágrafo, será para sempre um dos jogadores mais "à Benfica" que vi jogar. Porque, de facto, ele é/foi. Pode ir agora para o Porto, para o Sporting, para a p*ta que o pariu, mas o que ele fez durante estas últimas oito temporadas, mesmo que não tenha tido nenhum significado para ele na altura em que recusou a nossa proposta de renovação para vir agora aceitar a do Porto, para mim (e acho que devia ser também para todos os benfiquistas) não deixará de o ter. O homem chegou à Luz vindo do Uruguai, foi gradualmente ganhando relevância no onze inicial e sempre defendeu o clube e os valores do clube; agora, aos trinta e um anos e com um empresário como esse chupista desse Paco Casal - para mim a culpa deste negócio é maioritariamente dele e espero que nunca mais assinemos nenhum jogador representando por esse gajo -, tem uma oportunidade de um último grande contrato e, como tal, achou por bem aceitá-lo. Claro que nem eu o irei recordar como uma lenda do clube (que talvez o fizesse caso o Maxi se tivesse mantido fiel à camisola), mas não vamos ser ingratos e tratá-lo agora como apenas mais um. Porque ele nunca foi só mais um.

É tempo de proferir o maior cliché de todos: o Benfica vai continuar. Tenho mais medo da saída do Jesus que do Maxi, apesar da segunda me "custar" mais. Podemos falar da estrutura à vontade, mas não sei se jogadores como o Jardel, o Pizzi, o Jonas, continuarão a render o mesmo agora com o Rui Vitória - que não era o meu preferido para a sucessão, mas apenas porque considero que o Marco Silva seria uma grande contratação quer em termos técnicos, quer em termos emocionais. Este será um campeonato muito interessante, pois nós partimos desde logo com o pedigree de sermos bi, o Sporting tem precisamente o treinador responsável por esse duplo triunfo e o Porto, além do Maxi - que foi simplesmente para nos dar uma facada, o grande objetivo da vida deles -, pagou ainda um balúrdio pelo Imbula e estará a pagar outro ao Casillas, ao qual gostava de desejar o maior sucesso do mundo mas enfim, não o poderei fazer.

Quanto ao substituto na lateral defensiva direita, bem, há muitos defesas-direitos por esse mundo fora... É preciso é dar dinheiro por eles como se dá ao desbarato por extremos que ninguém conhece. Precisamos urgentemente de dois novos laterais, um direito e um esquerdo, e espero mesmo que neste defeso não venham conversas de "ah, 7M pelo Siqueira é muito", quando já oferecemos mais por Ola John's e afins. Carrega Benfica!

Pedro Mendes

terça-feira, 19 de maio de 2015

Bicampeões!

Já está! Custou mas foi. Foram muitos os momentos em que não acreditei, a começar desde logo pela pré-época (levámos quatro golos do Sanogo...), mas aqui está o bicampeonato, o primeiro desde 1983/84.

Antes de mais, sim, foi merecido. Colinho? Os clubes grandes são sempre beneficiados, e todos, todos os adeptos de futebol que tenham olhos na cara sabem isso. Agora, sim, há uns que costumam ser mais beneficiados que os outros, mas o engraçado é que esses é que se vêem queixar de arbitragens... Eu se tivesse um presidente condenado por corrupção desportiva e que tenha dito que só os burros é que falavam de arbitragem, não abria a boca quanto a esta temática. Mas isto sou só eu.

E aliás, não falava eu, nem devia falar o meu treinador. O Porto costuma ter treinadores classless, mas como este Julen Lopetegui nunca tinha visto. Uma coisa é um Vítor Pereira, que de facto é um parolo mas percebe da coisa - o homem só perdeu um jogo do campeonato em duas temporadas, é um feito e é um grande feito -, outra coisa é, de facto, não saber como gerir um dos melhores plantéis de sempre do Porto... Porque sim, em dez campeonatos com Porto e Benfica com estas equipas, o Porto ganhava nove. Ainda bem que este não foi nenhum desses anos. E parece que nenhum treinador espanhol consegue ser campeão em Portugal.

Porém, isto não é, de todo, razão para o nosso vice-presidente vir descer ao nível deles e destilar ódio pelas redes sociais. Mesquinhices e tentativas de manipulação da comunicação social é com eles, não é connosco. Nós somos o Benfica, o Maior clube do mundo - segundo nós próprios -, portanto, que tal nos comportarmos como tal? Que vergonha é aquela em Guimarães e depois no Marquês, onde tive de correr para não levar com garrafas em cima de malta que não faz a mínima ideia do que é festejar?! Costumava dizer que o Benfica era demasiado grande para Portugal, devido a estes incidentes que acontecem e sempre acontecerão, mas com "cartas abertas" como essa do Rui Gomes da Silva, talvez só tenhamos o que merecemos.

Apesar de ter aplaudido o JJ, quando apareceu no palco, não aplaudi o Vieira. A continuidade do Jesus era boa, pois de facto agora o melhor é ele sair num ano que não seja campeão - e o pessoal fala, mas ele em 11/12 provou que sabe passar da fase de grupos da Liga dos Campeões. Agora o LFV, continua a dividir-me, e não é pouco. É verdade, o projeto tem corrido bem e ele é o grande responsável por ter mantido o treinador quando toda a gente o queria condenar após aquele Maio de 2013, mas as promessas falhadas de apostar na formação, a política de transferências... Não sei, talvez sejam todos assim, no fundo. Neste momento, pelo tri, estou mais pela continuidade.

Sim, rumo ao 35! Cânticos de "O Campeão voltou" já não se aplicam, pois de facto o campeão manteve-se! É esta a cultura de vitórias que queremos ter, que queremos interiorizar cada vez mais. Fomos bicampeões pela primeira vez em mais de trinta anos, três décadas em que o Porto ganhou tudo o que havia para ganhar a todos os níveis e nós ficámos a penar. Agora, é a vez de, como eles gostam de dizer, as coisas voltarem ao normal, que é o Benfica campeão e TUDO A SALTAR, TUDO A SALTAR, TUDO A SALTAR!

Pedro Mendes

sábado, 16 de maio de 2015

See you soon, Stevie

25 de Maio de 2005. Ainda morava na primeira casa onde ficámos desde que tínhamos vindo de Chaves para o Tramagal, e lembro-me perfeitamente de estar a ver a segunda final da Liga dos Campeões de que me lembro (no ano anterior, recordo-me de o meu vizinho me perguntar quem ia ganhar e eu, sem hesitar, ter respondido "Mónaco" sem fazer a mínima ideia de quem eram).

Istambul. Ou antes, no meu caso, o sofá de minha casa, onde me encontrava a ver a bola após ter cortado o cabelo nessa tarde e me estar a achar parecido ao Dida (sim, eu era um puto um bocado parvo). Era a primeira temporada de futebol que eu estava a acompanhar desde o início, o Benfica do Trap tinha sido campeão uns dias antes e, portanto, a época acabava ali, na única cidade do planeta localizada em dois continentes diferentes, com um duelo entre o Liverpool FC e o AC Milan pelo maior troféu do mundo do futebol.

Lembro-me de o Liverpool chegar à final sem saber muito bem como. Vínhamos da fase de classificação onde até perdemos em casa com o Grazer AK depois de termos ganho por 2-0 na Áustria, foi necessário ganhar ao Olympiakos na última jornada para passarmos da fase de grupos e, contra o Chelsea, nas meias-finais, o Luis García marcou um golo tão duvidoso que, ainda hoje, se pode ouvir o Mourinho a dizer que a bola não entrou - se bem que muito do que ele diz é apenas e só por causa da sua imagem, pelo que coerência não é com ele. Chegávamos, assim, ao encontro decisivo frente ao grande AC Milan, tão grande, que ao intervalo já estávamos a levar três secos (um do eterno Paolo Maldini, logo a começar, e outros dois do clínico Hernán Crespo, a "vingar" o clube que o havia emprestado aos rossoneri nessa temporada).

Mas bem, estamos a levar três. Não somos favoritos, e ter chegado à final já era um grande feito. Porém, somos o Liverpool Football Club, quatro vezes campeão europeu nos anos 70/80 e clube mais titulado de Inglaterra (à altura, pois se estás vinte e cinco anos sem ser campeão, eventualmente és ultrapassado). Portanto, tal como disse o Rafa Benítez ao intervalo, vamos dar a volta a esta merda, pois "se marcarmos um golo, eles vão ficar na mesma pois são o fucking AC Milan. Mas se marcarmos o segundo logo a seguir, aí eles já vão tremer". E foi precisamente isso que aconteceu.

E quem marcou esse primeiro golo, nove minutos depois de a segunda parte ter começado? Sim, foi ele mesmo. Foi o mesmo homem que marcou os dois golos em Graz. Foi o mesmo homem que "disparou" de fora da área aos 86 minutos para fazer o 3-1 frente aos gregos em Anfield, tranquilizando assim o Kop e permitindo-nos igualar os seus dez pontos. Foi o mesmo homem que tinha feito a sua estreia com a camisola Red seis temporadas antes e que ficou em terceiro na Bola de Ouro desse ano de 2005. Falo, claro está, de Steven George Gerrard.

A vitória em Istambul foi, provavelmente, o maior feito da carreira deste homem, que cinco dias depois chegava ao quarto de século de idade. Ele que podia ter saído no final dessa temporada para o Chelsea, o clube da moda da altura e com um treinador que o apelidou de "adversário mais difícil que enfrentei" e que, anos mais tarde, o tentou de novo contratar quando esteve no Inter e, depois, no Real Madrid. Mas Gerrard ficou. Diz-se que o fez porque viu adeptos queimarem camisolas suas e a ameaçá-lo de morte; no entanto, não é isso o "prato do dia" no mundo do futebol, e logo em Inglaterra onde parece que a maioria dos adeptos tem uma definição idiota de lealdade (onde é que o Fàbregas ir para o Chelsea é traição ao Arsenal, se ele entre os dois esteve em Barcelona e o próprio Wenger o recusou no Verão passado?!)?

Segundo palavras do próprio, ele é simplesmente um adepto do Liverpool que cumpriu o seu sonho. No seu pico, Steven Gerrard tinha sido titular em qualquer equipa da Europa. Porém, quando se sente uma camisola, sente-se-a mesmo. Mesmo quando a maioria dos jogadores à tua volta são demasiado bem pagos para o que jogam, mesmo quando o teu clube gasta quantias estúpidas de dinheiro em futebolistas que não valem nem metade e contrata treinadores banais, mesmo quando, ano após ano, continuas sem ter ganho a Premier League (e apesar de já teres quase tudo o resto), o que te leva a ficar só pode ser amor à camisola. E o que te leva a sair também, pois chega uma altura em que te fartas e, com quase 35 anos, se não for agora que terás uma nova aventura, nunca será.

Hoje, em mais uma derrota vergonhosa do Liverpool que resume a carreira de Gerrard nos Reds - num jogo importante, neste caso em termos emocionais, todos se escondem atrás do Capitão -, foi o final de um ciclo. Foi o último encontro em Anfield Road do último "sobrevivente" do onze inicial da final de Istambul. Ainda haverá mais um, em Swansea para a semana, e a partir daí passará a ser estranho ver os vermelhos de Merseyside jogarem sem o seu Eterno Capitão, um jogador cuja importância se vê no que os adversários dizem dele: primeiro, é referido em metade dos cânticos dos adeptos com dez anos de futebol do Chelsea (o outro consiste em repetir o nome do clube), e segundo, é tão venerado pelos adeptos do Manchester United que não há jornada da Liga Inglesa onde eu não veja pelo menos um tweet sobre o Stevie. Os adeptos ingleses, no coletivo, são os melhores do mundo, mas individualmente parece-me que a maioria são uns mesquinhos que não gostam assim tanto de futebol mas antes do seu clube.

Estive para ir a Anfield no final de Janeiro, quando soube que ele ia abandonar o clube no final do ano. Se voltasse atrás não conseguiria ir na mesma, mas um dos meus objetivos de vida era vê-lo ao vivo. Porém, tenho "sorte", pois as lendas são eternas, e o Capitão é uma delas. Nunca me esquecerei da sua expressão de felicidade ao levantar a "orelhuda" naquela noite de Maio de 2005. E tenho a certeza que essa expressão tem sido sempre a mesma desde que este adepto de Whiston, uma pequena cidade a cerca de 10km de Liverpool, começou a ver o seu clube do coração a jogar. E tenho a certeza que, quando voltarmos a ser campeões ingleses - que vamos voltar, pois somos o Liverpool Football Club -, continuará a ser a mesma. Pois se há pessoa que merece ouvir que nunca irá caminhar sozinha, essa pessoa é Steven George Gerrard.

Pedro Mendes

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Federer: is it the end?


Yes, I know. We've been saying this since the start of the decade. He was "over" in 2011, and then he won Wimbledon next year and clinched some more records (like those absolute 302 weeks as top-ranked). He was "over" in 2013 when he left top5 and didn't reach a single Grand Slam final and then in 2014 he performed quite an amazing season by playing his ninth Wimbledon final and nearly getting back the first position. However, I think this early loss to Seppi in Melbourne is somehow different and I'm going to explain why.

First of all, it's Andreas Seppi. Okay, if I had to pick an Italian player for my "tennis crew" of something I'd pick him with a blink of an eye (Fogna can't play five matches at high level in a row), but he's not quite above average in any aspect of the game... Besides, Roger has defeated him in their previous ten meetings, dropping only a set! Therefore, this early third round defeat in Australian Open (his worst result ever in the Happy Slam, tied with 2000 and 2001's performances) is probably due to some mental meltdown Federer is been showing in the last four years... And I'm afraid it won't get any better in the next months.

Let's be honest: Roger has no chance of winning another Major if, at least, two of the other three members of Big Four are on their best shape. And even if it's just one them and that one is Rafael Nadal, we all know Federer ain't going to defeat the Spanniard again in a Grand Slam tournament. I'm not saying I don't want it to happen, as long as the Swiss was the first tennis player I started watching... However, I fear Davis Cup will be the last big tournament in his curriculum. Which is already better than any other tennis player in history.

Pedro Mendes