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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Bruxelas - Semana 7

E outubro já está a acabar. O tempo começou por parecer que estava a passar devagar nos primeiros dias, mas este décimo mês do ano (basicamente, desde que estive na Oktoberfest até que fiz anos, ontem) foi-se num instante. E com isso, já metade do meu Erasmus.

Após voltar à "vida real", depois do curso do BEST, juntei-me ao grupo local daqui da ULB. O presidente é cinco estrelas e a malta, no geral, também, e como disse, não estou nisto apenas por estar e para depois entrar no grupo de Lisboa mais facilmente; comigo, se é a sério, é a sério, e vou querer fazer coisas. Quanto depois a voltar a Portugal, na verdade, não sei se me quererei de facto juntar ao LBG - Local BEST Group - de Lisboa; não gosto de ambientes de pseudo-cultos e elitismos e infelizmente, não estou a generalizar assim tanto ao dizer que tudo o que acontece no Técnico segue estes "valores".

De resto, tenho jogado voleibol e estado cada vez mais em forma. Mentalmente, ainda estou lento a responder a certas jogadas, mas fisicamente já voltei a mover-me como o fazia no secundário. Entretanto, acabei o curso de A0 de neerlandês e o professor disse para continuar agora no próximo nível, mas já chega; tenho imensa coisa para fazer e já tenho bases para perceber algumas coisas, que era o que queria.

O meu aniversário correu fixe, jantámos em casa da Seline, com umas italianas amigas delas, e depois apareceu um bacano do BEST com mais umas seis pessoas (tinha-me dito que eram só três) e fomos para o centro sair, para o Mezzo, um dos mil bares que só passa reggeaton e merdas dessas mas, e enfim, tá-se bem. Um professor de 35 anos todo narso pagou-me duas cervejas por fazer anos e ontem jantei em casa da Ilaria com uma prima dela e fomos à festa de Techno a que queria ir há bué mas que foi meio flop, pelo que que retornei à base relativamente cedo.

Na terça-feira, vou para Copenhaga; tenho o voo às 6h55 em Charleroi, pelo que vou direto de uma festa de Halloween, que há amanhã, apanhar um blablacar às 4h15 ao pé de La Plaine e assim gastar apenas 5€ em vez de, pelo menos, 19€ (14€ do shuttle que há desde a Gare do Midi para esse aeroporto e o Collecto, uma espécie de táxi low-cost, a 5€, para lá). Vou mais ou menos sozinho, mas fico em casa duma amiga, tenho lá um bacano do BEST de cá, na quarta chegam as mexicanas e a minha colega de casa e mais duas espanholas, pelo que teremos um relativo grupinho. Não sei é ainda se conseguirei ir a Malmö, mas gostava.

Depois, volto de Copenhaga na quinta, tenho aula na sexta, e volto a sair daqui, provavelmente para Maastricht no próximo fim-de-semana - onde tenho três amigas - e vou finalmente a Amesterdão (e a Zaanse Schaans, uma vila típica holandesa ao que parece) no dia 19, indo direto do concerto dos MONO no dia antes. A 22, irei literalmente passar a noite a Dublin - dois euros cada viagem, chego às 19h e pouco e parto de volta às 6h mas pelo preço era de aproveitar -, talvez volte a Amesterdão com um grego que conheci no curso e no último fim-de-semana antes de vir irei a Ljubljana. Isto tudo, no total, pouco passa dos 100€, exceptuando as deslocações para Charleroi nos casos de Copenhaga e Ljubljana. Não tenho estudado muito, é certo, mas tenho de aproveitar estes preços e esta localização para isto; além do mais, do que já percebi, tenho "apenas" duas cadeiras a sério para fazer cá, que não vou subestimar mas que posso ir adiando.

A Marta disse que me ia mandar uma carta amanhã, algo que me deixa q.b. expectante. Há bocado, no twitter, deixou-me imensamente sem jeito. Mas vou parar de pensar demais sobre as coisas e ir só dormir, pois, depois das 10h, só voltarei a fazê-lo numa cama na manhã de terça-feira e apenas uma hora no máximo.

Um bem-haja,
Pedro Mendes

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Bruxelas - Semanas 5 e 6

Olá! Eu sei, eu sei, além de estar atrasado uma semana, hoje já é domingo e como tal esta publicação devia ter saído ontem. Porém, tenho razões válidas para isso, que passarei a explicar em breve.

A semana cinco não foi, de facto, nada de especial; aulas sem perceber nada porque a Física é complicada e a minha paciência para a esgotar já está perto do fim - apesar de que o irei fazer, como é óbvio -, jogar voleibol, aprender holandês e, chegar a sexta-feira e saber que não terei direito a bolsa de Erasmus+. Agora, um mês depois de ter vindo e mais de três de ter aceitado a vaga.

Se o critério é a média, não posso fazer nada quanto a isso, pois é bastante objetivo. Agora, essa é a pior maneira de assegurar uma justa distribuição do dinheiro relativo às bolsas, e sou um gajo demasiado imparcial - tenho amigos que odeiam discutir comigo precisamente por isso mesmo - para estar a dizer isto apenas por ser o meu caso. Tenho mais dois irmãos a estudar no ensino superior, estamos os três deslocados da nossa habitação oficial, sem nenhum apoio do estado, de todo, e não tenho direito a bolsa, prevista, de resto, para todos os estudantes em mobilidade, por causa de ter uma média inferior? É o ser "diferente" do Técnico a funcionar, como sempre. Ainda não apresentei queixa, mas vou certamente fazê-lo, uma vez mais.

E ainda não o fiz pois estive desde esse mesmo dia, 14, até ontem, num curso do BEST - Board of European Students of Technology - aqui em Bruxelas. Provavelmente, os meus melhores dias desde que cá cheguei.

Basicamente, o plano foi, nos fins-de-semana ir visitar, Bruxelas e Brugges no passado sábado, e ter a semana ocupada com aulas durante o dia e festa pela noite. Começando pelas aulas, sobre a temática da água e as suas aplicações, parece que acabei o curso com 16 valores (1,5 ECTS) mas não faço ideia de como, dado que, na quarta-feira, fui a Antuérpia ver o torneio de ténis local e nos outros dias passei as aulas, apenas e só, a dormir ou a tentar fazê-lo. Aulas de duas horas com outras tantas de sono não dá com nada, e não é por isso que existem estas coisas.

O resto foi muito fixe mesmo, conheci pessoas espetaculares, a quem dei alcunhas que pegaram logo - o Georgios "Armani", o Victor "Vodka", o russo que levou meia mochila para a semana toda, o Cristian "Drakula", o Kostas Kotsiras Kualquer-coisa "KKK" e ainda o presidente do grupo da ULB do BEST, o "Mr. P." Samy que me vai fazer membro oficial aqui para ser mais fácil entrar depois no de Lisboa, quando voltar. As raparigas é que não eram nada de "especial", pois ou eram giras e desinteressantes, ou bacanas mas menos esteticamente agradáveis.

Bem, pelo menos à exceção de uma, a Kamil(k)a. Demo-nos logo bué bem desde o início, com toda a gente a dizer para "ir lá", que foi o que fiz, para receber de volta um "não sou assim" e um chocho. Ainda havia uma semana pela frente, e deixei-lhe claro que também não sou "assim", pelo que não iria tentar com mais nenhuma e que esperava ter deixado claro o que queria. Durante o resto do tempo, o MO, Main Organiser do curso, começou a aproximar-se e eu não ia fazer disso uma competição; não é a minha maneira de ser e não estava no curso mas para isso, mas para estar com novas pessoas e fazer coisas novas, como ficar completamente nu ao som da danse du limousin ao final de cada noite. 

No final, parece que de facto houve alguma coisa entre eles, não que ela não continuasse a achar piada a tudo o que eu dizia e a fazia e a vir ter comigo e o gajo, de quem não curto muito independentemente disto, a não a largar e se for preciso a falar-me como se fossemos os melhores amigos. Sou um tipo bacano, por mim tasse bem, agora, não curto joguinhos nem merdas dessas, apesar de também os saber fazer - outros amigos meus dizem que tenho demasiado jeito com gajas para o quero delas. Portanto, ya, se não consegui o que queria por não ter feito mais nada - sendo que até fiz -, é assim e pronto, quem espera que, de uma interação comigo, eu seja o único elemento ativo, a mesma cessará eventualmente. E é pena pois o gajo só a quer como espécie de troféu, tanto que vou agora jantar para os anos de uma amiga, e eles também podiam ter ido mas o Sacha, esse MO, disse que vão jantar não sei onde com outros BESTies e que depois nos vemos no centro da cidade.

A moral da história com isto tudo é que ando mesmo com "medo" de ter algo com alguma gaja e que, quando me decido por um "bora lá", parece que nunca conseguimos estar no mesmo plano de intenções - ao que se junta este meu enfado em jogos e sinais e merdas. Enfim, na verdade isto, e seja o que for, é tudo irrelevante se as coisas com a Marta correrem bem quando voltar a Lisboa. Vamos ver.

Um bem-haja,
Pedro Mendes

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Bruxelas - semana 4

Adivinharam: estou bué cansado. Hoje estive em Ghent pela segunda vez desde que cá estou, após ter ido lá há três semanas para basicamente não fazer nada de especial, e isto após termos ido sair ontem, e anteontem, e portanto o sono não andar a ser muito.

Ando a gastar cada vez menos dinheiro por semana, o que é bom, e a sair também. Porém, a motivação para estudar continua onde tem estado desde o início do mestrado: em todo o lado, menos na minha cabeça. Isso por um lado deve-se, ainda, a esta fase inicial do semestre e, ao fim deste tempo todo, já desisti de me tentar enganar a mim mesmo: pura e simplesmente, não tenho um método de estudo. E poderia fazer por o adquirir, mas as coisas têm corrido bem, pelo que não vejo interesse em fazê-lo; no fundo, acho que as vezes em que me sinto mal por não estudar não é por ter necessidade de tal, mas por causa da pressão social à minha volta. De qualquer modo, já tenho o horário totalmente definido, pelo que já posso, finalmente, definir, pelo menos, uma rotina mais estável.

Basicamente, estou inscrito em seis cadeiras, mas já avisei os professores de duas, Astrofísica e Física de Partículas, que não irei às aulas e apenas ao exame final para ter um 0, ou 1, e assim poder ser avaliado. A prof de Partículas achou ridículo, e eu também o acho, e disse mesmo que, assim sendo, não me iria fazer perguntas nenhumas e só me dizer olá, mas é assim que são as regras e não me posso prejudicar em relação a isso. Portanto, vou essencialmente focar-me em Dinamyque des fluides et plasmas (onde não ando a perceber piço, mas acho que se deve mesmo ao conteúdo e não à língua e a malta diz que é uma cadeira considerada fácil), Nanophysique, que parece ser à base de demonstrações chatíssimas mas é em inglês, somos quatro e o professor é bacano, e Didactique de la physique; tenho um bocado medo desta cadeira, pois não sei se o meu francês é suficiente e quanto trabalho terei, mas acho que vou gostar. Depois, queria ainda ver se conseguia ter de facto aprovação a Relations Internationales, pois aposto que não há nenhum engenheiro física no mundo com esta cadeira no currículo e, acima de tudo, interesso-me por estes temas.

Para voltar cá a Bruxelas é que enfim, vou voltar no dia 9 de janeiro pois fica-me a um terço do preço que vir antes. Olha, a época de exames é que só começa nesse dia, e o seu calendário será anunciado apenas no final de Novembro... Esperar até essa altura é levar a que os preços subam imenso, e em três semanas, ter um exame logo no primeiro dia não é assim tão provável. E se for, bem, a diplomacia portuguesa tem estado bastante reputada nos últimos tempos e portanto seria altura de a pôr em prática.

Já a cidade onde estive hoje, Ghent, é engraçada, tem monumentos e história, um canal no meio para se estar e esteve bom tempo. Depois disto, irei ainda a Antuérpia, para o European Open, na semana de 17, e provavelmente a Ljubljiana com a Mireia no final de novembro; uma amiga dela dá-nos casa e temos viagens a 40€, ir e vir, portanto acho que é de aproveitar. Nos meus anos e na semana seguinte é que ainda não sei o que fazer, pois ir a Amesterdão por 140€ para uma mega festa de Halloween e duas noites e depois à Escandinávia, como o pessoal quer fazer, é algo que ainda fica caro. Provavelmente terei de optar, e prefiro ir passear.

Quanto a línguas, já estou nos cursos de Francês e Holandês. O primeiro é bastante interativo, o professor é bacano - acabei há bocado a expressão escrita que ele tinha pedido até sexta, mas ya, não deu para fazer antes -, e o segundo é com um holandês que acha a língua dele a melhor coisa do mundo. E na verdade o neerlandês é relativamente simples, pois é essencialmente vocabulário alemão em gramática inglesa; a pronúncia é que é mesmo estranha, preciso de prática. Estou, ainda, num tamdem, uma atividade que consiste em conhecer alguém que fale uma língua que eu queira aprender e, assim, trocar conhecimentos. A minha parceira é a Martina, uma italiana que quer aprender português e fala alemão, a próxima língua que quero saber; porém, até agora, ela fala bem melhor a minha (nossa) língua que eu a dos germânicos - e a dela também. Acho que, pelo menos durante outubro, enquanto ainda estou no holandês, vou deixar isto unilateral e "apenas" ajudá-la com o português, porque senão acabo por me baralhar todo e não aprendo nem neerlandês, nem alemão como deve ser. Ah, e do que percebi, o atual neerlandês é a mistura dos chamados flamengo e holandês, portanto é tudo a mesma língua.

Ora bem, vou dormir. Um bem-haja.

Pedro Mendes

domingo, 2 de outubro de 2016

Bruxelas - semana 3

Estou extremamente cansado para escrever grande coisa, mas acordei que iria fazer isto e portanto, vamos lá. Tal como prometido na publicação anterior: entrámos na primeira semana de Outubro!

Antes de mais, uau, o tempo passa mesmo a correr. Este ano civil, e ao contrário de 2015, que foi um ano que não me correu especialmente bem, já tive imensas experiências diferentes e se, tudo correr bem, vou continuar a tê-las. Uma que quero que pare rapidamente, porém, é a que tive nesta semana passada, em que os meus dias começaram quase sempre comigo a (re)enviar e-mails, reclamações, enfim, a tratar de problemas que não existiriam se os serviços académicos, quer aqui em Bruxelas quer em Portugal, fossem competentes. Que, é verdade e já o escrevi aqui, eu não sou o aluno mais dedicado, sou um baldas, mas se há coisa na qual me considero exemplar é em me informar sobre o que tenho de fazer e qual o procedimento para esta e aquela ação; o caso é, não o posso fazer com segurança e certidão, quando as pessoas com quem me devo informar, não sabem (ou não parecem saber, espero eu) o que estou a fazer.

Antes de mais, reclamei do Técnico pois enviei um requerimento, cujo resultado não me foi divulgado por e-mail tal como tinham dito que aconteceria - ignoraram-me, literalmente, por cinco vezes; depois, o mesmo foi-me dado a conhecer, mas não os motivos do seu indeferimento, pelo que enviei nova reclamação (e esta aqui até comecei com, por lapso, "que tal assim?", pois o meu pai ainda a tinha estado a rever). Finalmente, a resposta que tive foi, basicamente, é assim a lei e pronto. Tudo bem, mas então, que sejam competentes e que expliquem e divulguem as merdas aos alunos.

Aqui, esta malta acho que consegue ser ainda pior; na verdade, Bruxelas parece-me uma cidade que funciona pior que o que, à partida, poderia parecer. Inscrevi-me numa cadeira para este semestre, que, na quinta-feira, mudou de repente para o segundo, e fui falar com o responsável pela mobilidade da ULB, que foi, em seguida, falar com o secretariado (fechado na sexta-feira, mas aberto para ele) e que lhe disseram, e passo a citar "we made a mistake. It happens". Pois, não. O gajo da mobilidade, um tipo mesmo bacano comigo e que perde o tempo dele a ver comigo horários e cadeiras, só foi falar com o secretariado quando eu falei em fazer uma queixa, e depois ainda me vem dizer que os estudantes estrangeiros são a menor preocupação da universidade e que, quando falei que, assim, se calhar não os deviam ter, me diz "we still have plenty, don't worry". Têm azar em não ter sabido disto antes de concorrer, senão nunca me teriam posto a vista em cima.

Finalmente, o meu coordenador de Erasmus no Técnico, às vezes levanta situações que não sabe bem como são e que depois me deixam preocupado, mas também tem o bom senso de, como me disse hoje, se ir informar, e portanto, o que vou ter de fazer agora é simplesmente escolher outra cadeira e enfim, fazer na mesma 30 ECTS cá (seis cadeiras), quando na verdade só preciso de metade, aos quais juntarei os três créditos do curso de francês que começo amanhã, para ter equivalência às cadeiras no Técnico. Este programa é tal e qual o espelho da União Europeia: burocrático e desorganizado.

Provavelmente irei escolher Astrofísica, após falar também amanhã com o professor, e assim, terei, finalmente uma cadeira da minha primeira profissão de "sonho", à qual se junta Relações Internacionais, a profissão que teria numa vida sem a preocupação de ter uma carreira estável. Ou que ainda virei a ter, veremos.

E enfim, estou cansado porque voltei hoje da Oktoberfest, após ter partido de Bruxelas na sexta ao final da tarde e ter, assim, passado as últimas duas noites num autocarro. O meu grupo voltou a ser extremamente aleatório, com um paquistanês (que me fez pagar 20€ pela mochila pois disse que não havia problema em as levarmos, e depois, como houve, "escondêmo-las" atrás duma árvore e acabaram nos perdidos e achados), um chileno, que ficou simplesmente todo bêbedo a voltarmos para o autocarro - eu fiquei mais cedo, portanto passei a viagem já de ressacada - e ainda um espanhol que, à última da hora, decidiu ir comigo mas que como já era tarde para ir desde Bruxelas, teve que ir apanhar o autocarro a Colónia. De resto, conheci ainda uma Hong-Kong-nesa, uma mexicana e imenso pessoal com quem tenho fotos e não faço ideia de quem sejam lá na festa. Que parecia especial para alemães, pois não foram poucas as vezes que fomos barrados sem razão aparente ao entrar nos lugares.

Assim me despeço. Um bem-haja, caros leitores virtuais que podem, na verdade, não existir de todo mas que merecem na mesma uma despedida. E este foi o centésimo post no blog, afinal.

Pedro Mendes