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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Final da Davis Cup

E assim acabou 2012 com a final da Taça Davis em Praga. Após a temporada WTA já ter terminado há duas semanas, com a final da Fed Cup (também na capital checa), e depois do final das ATP World Tour Finals de Londres, hoje foi disputada a 100ª final da competição mais importante de seleções a nível masculino e termina assim a temporada de 2012 em termos tenísticos.

Foi uma final muito renhida, que eu nem sempre tive oportunidade de acompanhar mas fico satisfeito com os encontros que pude ver. De um lado, a seleção da casa República Checa que perseguia a sua primeira "saladeira" desde a desintegração da Checoslováquia - haviam ganho juntamente com a Eslováquia em 1980, no tempo de Ivan Lendl; do outro lado da rede, estava a habitual seleção espanhola, que perseguia a sua quarta Davis Cup em cinco anos (tirando 2010, ano da célebre vitória de Novak Djokovic e companhia, Espanha vinha desde 2008 confirmando cada vez mais a sua ascensão como principal potência do ténis masculino). De facto, em 2009 os dois países já se haviam defrontado, com os checos a sofrerem uma copiosa derrota na terra batida de Sevilla.

Porém, este ano não se passou assim. A final era em Praga, em piso rápido (rapidíssimo, como disseram os espanhóis), e Espanha partia sem a sua principal figura, o antigo número um mundial Rafael Nadal - Rafa é quase imbatível em terra batida, mas mesmo noutras superfícies é sem dúvida superior a qualquer outro espanhol; além disso, Alex Corteja deixou no país vizinho Feliciano Lopéz, que se diz ser o especialista espanhol em pisos rápidos (pessoalmente, acho que ele não é especialista em coisa alguma) e levou antes Nicolas Almagro, nº11 mundial mas extremamente inconstante mesmo em terra batida.
Porém, nem tudo estava mau do lado espanhol; o valenciano David Ferrer estava na comitiva, motivadíssimo após um ano de sonho (terminou a época com 76 vitórias e sete títulos, mais do que qualquer outro tenista) e com o seu primeiro evento Masters 1000 da carreira "no bolso", conquistado há duas semanas em Paris em... piso rápido. A dupla espanhola também era à partida de classe mundial, sendo formada por Marcel Granollers e Marc López, recem-vencedores do Masters de Londres, mas sem experiência nesta competição, como se viu.

Já a equipa da casa, partia em teórica desvantagem em termos individuais mas com muita vontade. Os tenistas que jogariam em singulares eram o nº6 do mundo Tomas Berdych e o nº37 Radek Stepanek, este último antigo oitavo tenista mundial. Já o jogo de pares seria jogado pela dupla Ivo Minar e Lukas Rosol, conhecido pela derrota imposta a Nadal na segunda ronda de Wimbledon e que foi também o último encontro do espanhol da temporada. Na prática, a dupla de pares foi formada por Berdych e Stepanek e acabou por resultar em cheio, tal como havia resultado na meia-final diante da Argentina - e Stepanek já tinha vencido o Open da Austrália 2012 em pares.

Passando à final propriamente dita: o primeiro encontro, David Ferrer vs Radek Stepanek, não vi e vim depois a saber que o espanhol havia vencido em três sets apesar da luta do veterano tenista checo. Nada de surpreendente, considerando a recente forma de Ferrer e o declínio de Stepanek nesta sua fase da carreira. Achava que a final se ia decidir nos encontros do Berdych e no par, e parcialmente acertei.
Nesse segundo encontro, Tomas Berdych derrotou Nicolas Almagro em cinco sets num encontro muito disputado, eles que já no Australian Open desde ano haviam protagonizado um episódio polémico - Almagro atingiu Berdych com uma bola na rede e no final do encontro o checo recusou cumprimentar o espanhol.  Na sexta-feira, Berdych podia ter fechado em quatro mas o Almagro ainda forçou a negra antes de ceder o ponto para o empate; "pase lo que pase", só no domingo se saberia o vencedor.
Sábado foi dia do jogo de duplas. Como já referi, a República Checa anunciou uma dupla diferente da prevista para o encontro de pares e, após terem perdido o primeiro set, Tomas Berdych e Radek Stepanek venceram o encontro e punham o seu país a apenas uma vitória do título da Taça Davis!
Hoje, domingo, foi o dia das decisões. Pensava que seria Tomas Berdych a decidir a vitória no seu encontro contra David Ferrer, mesmo sabendo da boa forma do espanhol, mas parece que me enganei. O checo simplesmente não esteve ao nível necessário e o valenciano a jogar assim só perde mesmo para os tenistas do Big-Four, seja em que superfície for (menos em terra, onde se pode perfeitamente bater de igual para igual com o Djokovic e o Federer). Em três sets, David Ferrer vencia o encontro e dava a Nicolas Almagro a hipótese fechar a final a favor de "nuestros hermanos".
No 5º encontro, Almagro não contava certamente com um Radek Stepanek inspiradíssimo. O veterano checo, muitas vezes mal-amado pelo público e imprensa, mostrou a todos os críticos que a República Checa podia contar com ele e numa exibição bastante boa - longe da perfeição mas não muito longe -, o marido da antiga tenista Nicole Vaidisova venceu em quatro partidas e deu ao seu país a tão aguardada Taça Davis.

Acabou por ser uma derrota um bocado amarga para os tenistas espanhóis que jogaram singulares; David Ferrer venceu os seus dois encontros sem perder qualquer set e Nicolas Almagro esteve mais de sete horas em campo para perder os seus dois embates. Foi uma justa vitória checa, e ainda bem que assim foi para quebrar um pouco a hegemonia espanhola...

Com este resultado, a República Checa vence a sua primeira Taça Davis enquanto nação independente e torna-se no primeiro país a vencer na mesma temporada a Hopman Cup (torneio de início de ano de seleções), a Fed Cup e a Davis Cup. Nestas conquistas, os heróis das finais acabaram não por ser Tomas Berdych e Petra Kvitova - ambos nº1 checos e presenças recorrentes no top-10 mundial - mas sim Radek Stepanek e Lucie Saforava, habituados a viver na sombra de Berdych e Kvitova em tempos recentes.

E é tudo. Cumprimentos,
Pedro Mendes

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Vitória de Djokovic em Londres

E chegámos hoje ao final da temporada ATP, com a final das ATP World Tour Finals em Londres. Falta ainda a final da Davis Cup entre a República Checa e a Espanha para terminar definitivamente este ano tenístico de 2012.

Apesar de nem sempre jogado ao seu melhor nível, foi um encontro muito interessante e incerto quanto ao vencedor final, a fazer jus à capacidade dos dois tenistas. No final a vitória sorriu ao número um mundial Novak Djokovic, que venceu o seu sexto título da carreira e o segundo torneio de final de ano - primeiro ATP World Tour Finals, visto o primeiro ter sido em 2008, quando ainda se chamava Tennis Masters Cup.

O encontro começou com Roger Federer a entrar muito forte e a adiantar-se rapidamente para 3-0 com um break de vantagem (só vi a partir do 2-0 visto ter saído mais tarde da frequência de Cálculo, mas pelo que vi e ouvi julgo que foi isto que aconteceu). A reação do líder do ranking mundial não se fez esperar e Nole recuperou logo de seguida o break para igual a 3-3. 
O set manteve-se equilibrado por mais dois jogos, até que Nole volta a quebrar para 5-4 com um Federer mais errático nesta fase. Seguidamente, o sérvio serviu para fechar o set cheio de confiança mas o campeoníssimo suiço mostrou que não iria ser assim tão "fácil" e salvou um set-point para levar o encontro a um tie-break - Federer ainda esteve a dois pontos da vitória no 6-5, mas Djokovic conseguiu levar a partida a um desempate após ter sido assistido medicamente fruto de um "voo" mal sucedido.

No tie-break, outra vez muito suspense e pressão até que, ao terceiro set-point, Nole cerra o punho e adianta-se a 7-6(6).

Esperava-se um número um mundial mais forte no início do segundo set, mas Roger Federer "ainda mexia" e voltou a quebrar para começar o parcial. Com mais ou menos dificuldade, Djokovic foi confirmando o resto dos seus jogos de serviço sem nunca ameaçar verdadeiramente o contra-break e eis que Federer serve a 5-4 para levar o encontro à "negra". Aí, Nole consegue finalmente o break na reta final e, cheio de confiança, embala para três jogos consecutivos e ao primeiro championship-point é mesmo o sérvio o vencedor das Barclays ATP World Tour Finals 2012!

É um grande final de ano para o Nole, que após uma temporada de terra batida e relva sem qualquer título venceu em Cincinatti, Tóquio e Pequim antes de ser coroado Tenista do Ano na capital inglesa. Não foi um ano tão bom como 2011 - ele próprio admitiu que seria muito difícil fazê-lo, e de facto foi - mas foi outra temporada bastante positiva com a estreia na final de Roland Garros e a renovação do título do Open da Austrália e mesmo agora este triunfo em Londres. O posto de líder do ranking nem sempre foi uma realidade mas Novak Djokovic é merecidamente o melhor tenista deste ano.

Quanto a Roger Federer, o suiço mostrou aos seus críticos (entre eles eu, que apesar de ser fã há muito tempo do recordista de vitórias em Grand Slams nunca pensei que ele voltasse ao seu nível de anos anteriores) que ainda é um nome a temer em todo e qualquer torneio. Com o seu sétimo título em Wimbledon e a marca das 300 semanas na liderança do ranking alcançada, Federer bateu dois recordes que há muito ambicionava e provou que ainda está aí para lutar taco-a-taco com os melhores.


E é tudo, cumprimentos
Pedro Mendes

domingo, 4 de novembro de 2012

BNP Paribas Masters - último Masters 1000 da temporada

Esta semana teve lugar em Paris o BNP Paribas Masters, nono torneio da temporada da categoria Masters 1000 e também o último evento ATP antes das ATP World Tour Finals de Londres.

Foi, de certo modo, um torneio atípico. Rafael Nadal já se sabia que não ia estar ainda a postos para voltar aos courts, enquanto o campeão em título Roger Federer anunciou logo após perder a final de Basileia que também não ia marcar presença na Cidade das Luzes.
Depois, começou o torneio. Na segunda ronda (teve Bye na primeira), Novak Djokovic é logo eliminado após um (também atípico) encontro contra o norte-americano Sam Querrey; o sérvio venceu os primeiros oito (!) jogos do encontro para depois acabar por perder 0-6 7-6 6-4. Andy Murray também não fez muito melhor, já que caiu ao seu segundo encontro (3ª ronda) contra o qualifier Jerzy Janowicz após ter desperdiçado match-points! Pela terceira semana consecutiva, o escocês fá-lo (quem se lembra da épica final de Xangai?)... Nota-se uma necessidade de descanso, mental principalmente, para o nº3 mundial.

E com isto tudo, consegui introduzir o Jerzy Janowicz no post (se bem que eu introduzo quem bem me apetece, mas esta continuidade temática até que acho que correu bem... ou então sou só eu a divagar). Sim, ele de facto era um qualifier classificado no 69º lugar do ranking - número curioso. Porém, isso não o impediu de derrotar dois top10 (além do Murray, também Janko Tipsarevic sucumbiu ao serviço poderoso e aos amorties clínicos deste polaco de 21 anos) e ainda o tenista da casa Gilles Simon no encontro de acesso à final - também ele um antigo top-10, atualmente no top20. Este Janowicz tem muito jogo, se continuar nesta forma em 2013 será um nome a ter em conta no circuito... faz-me lembra de certa maneira o John Isner e o Tomas Berdych.

Depois, finalmente, na final, o adversário do JJ (não é o Jorge Jesus, esse não joga "ténes") era o nº5 mundial David Ferrer que passou a semana discretamente, vencendo os seus jogos e cumprindo a sua parte num quadro relativamente fácil após a desistência de Roger Federer. Chegados à final de hoje, o polaco ainda teve as suas hipóteses: ponto de break no oitavo jogo do primeiro set (antes de acabar quebrado no jogo seguinte) e dois jogos no segundo set que duraram ambos 10 minutos e que caíram para o lado do espanhol - sendo que um desses jogos era aquele em que Janowicz "devia" ter confirmado o break alcançado anteriormente. Como se pode ver, não passaram de oportunidades falhadas e foi mesmo David Ferrer o vencedor do BNP Paribas Masters, triunfando por 6-4 6-3.

Já se sabia de antemão que o vencedor seria um estreante em torneios desta categoria, e esse estatuto acabou por (finalmente) cair para o lado de David Ferrer. Aos 30 anos, o espanhol vence finalmente um evento Masters 1000 após três finais perdidas (Roma 2010, Monte Carlo 2011 e Xangai 2011). Título merecidíssimo para um jogador que é normalmente subvalorizado na sua carreira; como todos os espanhóis, é um tenista especialmente bom em terra batida (com a variante de ter cabeça e não ser um poço de inconstância como Feliciano Lopéz ou Fernando Verdasco, além de ser destro), talvez mesmo o segundo melhor do mundo, mas como está na geração de Rafael Nadal "leva sempre na boca" quando joga contra este em finais de terra batida. Desta vez não, e curiosamente até nem foi em terra batida que o valenciano venceu o seu primeiro Masters 1000... Grande temporada para Ferrer, com 7 títulos em três superfícies diferentes (o tenista com mais títulos da época).

E bem, com isto tudo, começa o Masters de Londres amanhã e o Nole regressa, também, à liderança amanhã. Espero que ele esteja preparado para ganhar este ano após a fraca prestação do ano passado, em que chegou perto da exaustão total à capital inglesa... Já agora, votem na sondagem!

Cumprimentos,
Pedro Mendes

Final da temporada WTA em Praga e Sófia

Foi um grande dia de ténis hoje, com três finais; duas no circuito feminino, as duas últimas da temporada, e uma no circuito masculino, a última antes do Masters de Londres da próxima semana (com exceção da final da Taça Davis).

Começando pela final da Fed Cup: voltou a ser ganha pela República Checa, que venceu em casa a estreante Sérvia - estreante na final, pois jogadoras como Ana Ivanovic e Jelena Jankovic já foram líderes do ranking mundial e esta última é mesmo considerada (não por mim) com uma das melhores tenistas a jogar na Fed Cup nos últimos anos.
A final começou no sábado, onde tranquilamente Lucie Safarova e Petra Kvitova derrotaram, respetivamente, Ana Ivanovic e Jelena Jankovic. Hoje, inverteram-se as adversárias e a Ana começou por derrotar categoricamente (e surpreendentemente, verdade seja dita) a Kvitova e ainda deu esperança à Sérvia! Só que logo depois, a Safarova mostrou que não estava lá para brincar - como Kvitova anda a fazer... - e arrasou a JJ por duplo 6-1. Sétima Fed Cup para as checas!

Se a Ivanovic tivesse jogado tão bem contra a Safarova como fez hoje, a Sérvia poderia perfeitamente ter ganho considerando o mau momento da Kvitova... Mas a Jankovic também está muito aquém, ela que já diz que está a ponderar abandonar a equipa da Fed Cup; pode-se não gostar, mas é um facto que a JJ é um elemento muito importante para as sérvias e a Bojana Jovanovski ainda está muito "verdinha". Para o ano há mais :)

Já em Sófia, teve lugar esta semana o Torneio das Campeãs - chamando de Masters B na gíria -, oficialmente o último evento WTA da temporada. Este ano voltou a ser disputado em fase de Round Robin, contando com a presença de tenistas que venceram pelo menos um título nesta temporada - casos das antigas top10 Nadia Petrova e Daniela Hantuchova e também a número 1 em Janeiro deste ano Caroline Wozniacki. 
Na final, a Petrova derrotou a Wozniacki por 6-1 6-2 facilmente e confirmou a grande segunda metade de temporada; vai acabar o ano no 12º lugar. Já a dinamarquesa assegurou mesmo no limite o seu regresso ao top10, terminando 2012 no 10º posto. Claro que é bom mas para uma tenista que era líder do ranking há pouco mais de nove meses, ficar pela primeira ronda nos últimos dois Majors e não ir a Istambul para jogar em Sófia (e mesmo assim não ganhar o troféu) não pode ser considerada como uma boa temporada... o problema é ela achar que pode.