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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Annus mirabilis 2.0?

Criei este blog no dia 1 de Julho de 2011, após um sérvio de vinte e quatro anos chamado Novak Djokovic que, até ao início desse ano, tinha conquistado apenas um torneio do Grand Slam (na mesma temporada em que venceu a sua única Tennis Masters Cup, em 2008) ter derrotado Jo-Wilfried Tsonga nas meias-finais do torneio de Wimbledon e, assim, assegurado a sua subida à liderança do ranking mundial masculino - revejam aqui o meu primeiro post, não justificado e sem parágrafos escrito por um jovem estudante da escola do Tramagal, uma vila pacata do concelho de Abrantes.

Como o tempo passa! Escrevia há dois meses para o Bolamarela, o que me estava a deixar com dúvidas sobre se queria de facto seguir Engenharia, mas queria entretanto ter Física como disciplina no 12º ano e estava prestes a ir para a sede de concelho terminar o secundário com distinção e um diploma de mérito académico - diria com "modéstia à parte" mas considero isso um valor meramente politicamente correto, ao contrário da humildade que é extremamente necessária e bem mais objetiva.

Posteriormente, tirei de cima da mesa a ideia de ir para Jornalismo - apesar de a ter guardado numa gaveta que talvez ainda abra num futuro próximo - e ingressei na FCUL em Engenharia Física. Licenciei-me no passado mês de Julho, com uma média relativamente baixa mas com o facto "curioso" de ter sido o único dos que, no meu ano, entraram com menos de 18 anos e terminaram o 1º ciclo do nosso mestrado integrado em três anos, obtendo provavelmente a licenciatura mais inútil de sempre, em Ciências da Engenharia - Engenharia Física. E cá estou eu agora no Instituto Superior Técnico, a minha primeira opção na minha candidatura inicial à faculdade, no Mestrado em Engenharia Física Tecnológica (que me tem colocado bastantes dúvidas quanto ao que quero mas que conto que se clarifiquem nos próximos meses). E eu ainda leio livros do Astérix e do Tio Patinhas, jogo ao balão com miudinhos quando devia era estar a apresentar exposições em museus e compro gomas com bastante regularidade.

Entretanto, continuo no Bola, o Uspeti continua de pé, cofundei e escrevi para uma revista na FCUL - da qual fui expulso, noutros tempos -, escrevo atualmente para a Pulsar no IST e colaboro ainda no site Bola24, além de tudo o resto que vou fazendo e me faz tirar tempo para estudar (não é nenhuma desculpa, eu faço isto deliberadamente e não me arrependo de todo). Mas isto tudo para dizer o quê, se afinal ainda sou só um gajo que sabe umas cenas de Física e escreve umas coisas? Porque, nestes pouco mais que quatro anos, esse bacano de que comecei por falar logo na primeira linha continua a dar que falar. Quatro anos mais velho, logo, mais experiente - como diria, apesar de mais eloquentemente, Jorge Jesus -, Djokovic tem liderado o circuito nesta segunda década do século XXI e tem em 2015 uma temporada talvez ainda mais incrível que essa de 2011.

De facto, dois dias depois de ter criado o blog, o "Nole" venceu o seu primeiro título no All England Club, conquistando, ainda, o US Open em Setembro. Ou seja, três dos quatro Majors, tal como este ano. Porém, o sérvio chegou às quatro finais em 2015, tendo-se ficado pelas "meias" em Roland Garros'2011 - onde achava que teria ganho caso tivesse chegado à final, mas este ano chegou após derrotar o Nadal e isso não aconteceu e fiquei mesmo triste. Além disso, desde o Australian Open inclusive que esteve em TODAS as finais dos eventos que disputou nesta temporada, tendo batido o seu recorde de 2011, igualado pelo Nadal em 2013, de vencer cinco Masters 1000 no mesmo ano, pois este ano foi meia dúzia.

E lembram-se de eu dizer que ele só tinha vencido um título da Tennis Masters Cup? Bem, o "Masters" evoluiu, agora chama-se ATP World Tour Finals, é em Londres e o nosso homem elevou hoje o quarto consecutivo, batendo outro recorde e mantendo 2011 como o único ano em que não triunfou no torneio de fim de ano. Simplesmente incrível por parte do "Nole", para mim, além do melhor do momento e, espero, um dia o melhor de sempre, o tipo mais porreiro do circuito (esta live-stream no Facebook de hoje foi épica!).

Até 18 de Abril de 2016, pelo menos, será Novak Djokovic o líder dos Emirates ATP Rankings - patrocinados pela South African Airways em 2011, noutra diferença. Para esse ano, só quero mesmo que fechemos finalmente o Grand Slam com a conquista de Roland Garros e ainda vencer o último Masters 1000 que falta, em Cincinnati (e, caso dê, a medalha de ouro no Rio também). O resto, bem, não se diz que não e mantendo esta forma será muito difícil não o vencer. Porque esta é definitivamente a década do Djoker.

Pedro Mendes

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Legitimidade

A Grande Área Metropolitana de Lisboa tinha, em 2011, cerca de 2,8M de habitantes, o que perfaz mais de um quarto da população nacional. Apesar de infelizmente às vezes parecer, Portugal não é considerado apenas Lisboa.

E estamos a falar de 2,8M. O que dizer, então, de menos de 2M, ou seja, menos de 1 em cada 5 portugueses? Será que esses representam a vontade de todos os portugueses? Como é possível alegar-se que se tem legitimidade para governar, se, por exemplo e estatisticamente, se estiver com os meus pais e irmãos à mesa apenas um de nós querer a coligação PàF a governar o país? Sim, muito do resto votou por protesto e não votou numa coligação (a mesma palavra) à Esquerda, sem dúvida. Agora, de certeza absoluta que não votou no PàF, e isto parece-me bastante fácil de perceber.


Porque ter sede de poder não é coligar-se com outros partidos para poder ser Primeiro-Ministro - apesar de, neste caso, estarmos a falar da pessoa que menos queria ver nesse cargo. Ter sede de poder é, sim, anunciar uma demissão irrevogável para poder chegar ao cargo de vice-PM. E estamos a falar de um homem que também atacou o chefe do Partido com que se coligou depois das eleições de 2011 (wow, outra semelhança!) antes das mesmas terem lugar.


É que sim, quem "ganhou" as eleições foi o PàF. Mas lá está, "ganhou". Porque a maioria parlamentar não é nem do PSD, nem do CDS - sim, dois partidos, não um - e, como tal e por via DEMOCRÁTICA, foi hoje aprovada uma moção de rejeição ao governo. O povo elegeu deputados para a Assembleia, para os representarem, e os mesmos recusarem um governo no qual apenas 20% do povo votou. Se isto não for democrático, então não sei o que é.


Uma vez mais, se eu quero o António Costa como Primeiro-Ministro? Zero. Mas a Esquerda também tem o direito (boa antítese) a coligar-se, ao contrário do que o nosso Presidente da República acha. E se queremos mudar alguma coisa, não é com os mesmos partidos de sempre que isso acontecerá. Porque até o PAN votou a favor da moção, e que eu saiba eles mantêm-se na sua ideia de que a águia não devia de poder voar na Luz (ou pelo menos até a verem, que aquilo é lindo e não é certamente o principal problema do país).


Como disse o Rui Tavares na altura - daí, em parte, ter votado nele - e ninguém lhe ligou nenhuma, a Esquerda devia de ter chegado a acordos logo antes das eleições e evitar esta palhaçada. Não o fez, vem fazer agora e parecer que sai à pressão, mas é assim que o sistema funciona e acho que merece esta oportunidade. Teremos eleições presidenciais daqui a meses, portanto, deixemos o Marcelo depois decidir o que fazer. Se o PàF for assim tão legítimo, certamente que terá maioria absoluta num próximo sufrágio.

Pedro Mendes