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quinta-feira, 19 de maio de 2016

Dois e meio em três?

Antes de escrever este post não me lembrava de um ano em que as coisas tivessem corrido bem a pelo menos dois dos meus três clubes - Benfica, Liverpool e Chaves, para quem não me segue em nenhuma rede social -, mas de facto em 2004/05, no primeiro ano em que comecei a ver futebol a sério, o SLB venceu o campeonato onze anos depois e o Liverpool sagrou-se campeão europeu pela quinta vez após aquela final épica de Istambul (que rivaliza com o jogo contra o Borussia, este ano, na luta pelo melhor de que me recordo).

Mas e correr bem aos três? Andando para trás, e considerando que, para o Chaves, "correr bem" é subir para a Primeira ou ficar em 5º lugar (a nossa melhor classificação), para o Benfica é ser campeão nacional e para o Liverpool é a mesma coisa e/ou ganhar uma competição europeia, a temporada que mais se aproxima desse conceito é a de 1989/90, quando os Reds ganharam o seu último campeonato, o Chaves ficou pela segunda vez da sua história nos cinco primeiros do escalão máximo do futebol nacional e o Máior chegou à final da Liga dos Campeões - sempre um grande feito mas, tendo-a perdido e não tendo sido campeão na mesma, "não conta". Podia era ter sido, finalmente, este ano, mas uma vez mais não irei rapar o cabelo.

Começando pelo início, o Chaves foi o primeiro a pôr-me a celebrar, ao regressar à Primeira pela primeira vez neste século - com a última presença a ter sido, curiosamente, no ano antes me ter vindo embora da minha terra. Foi um campeonato em que perdemos imensos pontos com empates após termos estado em vantagem e a não jogar, de todo, nada de especial - fui a Mafra e só fizemos dois remates no jogo todo! - mas é a Segunda Liga, nenhuma equipa joga um futebol de ponta e o que é certo é que somos a equipa com menos derrotas e a única com nenhuma delas a ter ocorrido em casa, pelo que é mais que merecido. 
Agora, para o ano, é para assegurar a manutenção o mais depressa possível e com um treinador com uma boa visão para o clube (queria o Petit mas acabou de renovar com o Tondela, que quis que descesse o ano todo mas acabei por também os apoiar na fantástica recuperação que protagonizaram). Certo é que não vamos continuar na palhaçada daquele campeonato onde há 46 jornadas e só sobem duas equipas, além de ir ser agora controlada pelo dinheiro de chineses que ninguém sabe muito bem de onde vêm.

E depois, bem, depois veio o TRInta e cinco! Tal como em 1994, precisamente no ano em que nasci, perdemos jogadores para os rivais durante o defeso e acabámos por ser campeões na mesma; porém, este ano foi sem dúvida especial. A saída do Jesus para o Sporting abalou desde logo o nosso futebol ainda em maio, a do Maxi, mais tarde, ainda mais (revejam a minha opinião nessas saídas aqui) e bem, o coitado do Rui chega a Outubro após termos levado três dos lagartos em casa e perdido com o Arouca, que na altura ainda era só o Arouquinha, não o fucking Arouca europeu. Pessoalmente, sempre o defendi, pois por defeito sou contra um treinador sair a meio da temporada e o Rui só estava a ter um mau desempenho nos clássicos; porém, contava em terminarmos a liga perto da liderança e uma boa campanha que potenciasse os nossos jogadores, não este segundo ponto a juntar ao título!
Tivemos sorte, há que o admitir; estes últimos jogos contra Boavista, Académica, Rio Ave, Vitória, podíamos perfeitamente ter desperdiçado pontos. Mas não o fizemos, e com isso a nossa segunda volta foi simplesmente tremenda (48 pontos, 16 vitórias e uma derrota) e isso parece-me ser demasiado flagrante para ainda se ouvir esta conversa da treta de que o Sporting é que merecia o título. Após tantos jogos ganhos com golos para lá dos 80min, os erros de arbitragem - que também caíram para o lado deles, apesar de o Bruno achar que não -, como falar nesse merecimento bacoco?

Não quero falar muito sobre os outros pois o que me importa é que os meus três clubes ganhem, mas este clima que houve no futebol nacional meteu-me um nojo enorme desde o Verão e eu, que até queria que o Sporting fosse, em breve campeão, fiquei mesmo feliz com o seu insucesso nesta temporada. Que é de facto insucesso, pois em segundo já o Jardim havia ficado e o Marco ganhou um título a sério no ano passado, não um jogo de pré-época. Para o bem do clube é, assim, tempo de o Bruno, ou o Jesus, ou ambos, assumirem responsabilidades e deixarem-se de enganar os sócios e adeptos. Que, com a euforia que viveram no regresso da equipa de Braga, não posso deixar de constatar que é claramente preferível um Benfica campeão na medida em que deixa adeptos de dois clubes contentes.

Finalmente, os Reds tiveram uma temporada que, a longo-prazo, conto (espero, na verdade) seja o início de um bom período para o clube, mas que no imediato não me satisfez de todo. Jürgen Klopp, para mim o homem ideal para o lugar de treinador em Anfield Road, só chegou a meio da primeira volta a Liverpool mas terminar a temporada em oitavo e ter perdido duas finais, significando isso a ausência das competições europeias na próxima época, tem de ser considerado pouco para aquele que é provavelmente o maior clube da história do futebol inglês. 
A segunda parte da final de hoje, frente aos cabrões do Sevilla que voltaram a ter mãozinha amiga do árbitro (não que sirva como desculpa, como já vão ver) é simplesmente patética e muita coisa vai ter que mudar. Pois, como disse, o Klopp é 100% o gajo; aquela direção é que não o é, pois com tanto dinheiro gasto, temos que fazer bem melhor. Mignolet não pode continuar, precisamos de pelo menos um bom central - e pôr o Clyne e o Moreno a darem o máximo ou então a despachá-los também -, um real substituto para o Stevie e, na frente, mandar embora todos menos o Firmino (surpreendeu-me pela positiva), o Sturridge e o Origi. Além de, claro, ser imperativo manter o Coutinho, o nosso único jogador de classe mundial a meu ver.

Se isso acontecer, isto foi de facto um ano de 2,5 em 3, ainda para mais considerando que o Leicester protagonizou provavelmente o maior choque que, pelo menos eu, me lembro de presenciar - e por quem comecei a torcer por volta de Abril, tal como a maior parte dos fãs de futebol. Rumo ao 3/3 (e à manutenção, e ao 36, e ao 19)!

E bem, é isto. Um bem-haja, meus caros.
Pedro Mendes