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quinta-feira, 16 de julho de 2015

Jesus e Maxi, Maxi e Jesus

Quem diria, hum? Há menos de dois meses, foram apontados como dois dos principais responsáveis pelo nosso histórico bicampeonato esse treinador que revolucionou o futebol da equipa e esse (adaptado) lateral-direito que irei sempre recordar com um dos jogadores mais "raçudos" que já vi envergar o manto sagrado. Ambos terminaram contrato no final da temporada, ambos não quiseram (ou nem tiveram oportunidade) de renovar, e hoje estão, mais perto ou mais longe, a preparar a próxima temporada com os nossos rivais de sempre.

Antes de mais, acho que é importante esclarecer que não são casos assim tão parecidos como podem parecer. Começando pela saída do JJ para o Sporting, e pessoalmente, não fico especialmente chateado ou irritado. Este até era o primeiro ano em que estava a favor da sua continuidade desde o Verão de 2010 - após aquele primeiro título em que toda a gente dizia que íamos ser campeões europeus na temporada em que levámos cinco do Porto -, mas se o Vieira, além de não querer renovar, o queria "despachar" para França ou para o Qatar... Que podia o homem fazer? Se não quer ir para nenhum desses clubes, e sendo sportinguista, após terminar o contrato que, repito, o nosso presidente não queria renovar, assinar pelo Sporting é uma decisão perfeitamente compreensível. 

Isto faz-me lembrar um pouco o caso do Fàbregas, que queria sair do Barcelona e regressar ao Arsenal, mas o Wenger recusou-o e portanto acabou por ir para o Chelsea para depois ser apelidado de traidor pelos gooners; é normal acharmos que a preferência de um treinador ou jogador deve ser o nosso clube, caso o mesmo lá tenha passado cinco ou seis anos, mas se não o queremos mais, então é descabido pensar que um profissional de futebol irá deixar de escolher o melhor para a sua carreira por causa de outra fase da mesma.

E é com isto que chegamos agora ao caso do Maxi, que sim, tal como escrevi no primeiro parágrafo, será para sempre um dos jogadores mais "à Benfica" que vi jogar. Porque, de facto, ele é/foi. Pode ir agora para o Porto, para o Sporting, para a p*ta que o pariu, mas o que ele fez durante estas últimas oito temporadas, mesmo que não tenha tido nenhum significado para ele na altura em que recusou a nossa proposta de renovação para vir agora aceitar a do Porto, para mim (e acho que devia ser também para todos os benfiquistas) não deixará de o ter. O homem chegou à Luz vindo do Uruguai, foi gradualmente ganhando relevância no onze inicial e sempre defendeu o clube e os valores do clube; agora, aos trinta e um anos e com um empresário como esse chupista desse Paco Casal - para mim a culpa deste negócio é maioritariamente dele e espero que nunca mais assinemos nenhum jogador representando por esse gajo -, tem uma oportunidade de um último grande contrato e, como tal, achou por bem aceitá-lo. Claro que nem eu o irei recordar como uma lenda do clube (que talvez o fizesse caso o Maxi se tivesse mantido fiel à camisola), mas não vamos ser ingratos e tratá-lo agora como apenas mais um. Porque ele nunca foi só mais um.

É tempo de proferir o maior cliché de todos: o Benfica vai continuar. Tenho mais medo da saída do Jesus que do Maxi, apesar da segunda me "custar" mais. Podemos falar da estrutura à vontade, mas não sei se jogadores como o Jardel, o Pizzi, o Jonas, continuarão a render o mesmo agora com o Rui Vitória - que não era o meu preferido para a sucessão, mas apenas porque considero que o Marco Silva seria uma grande contratação quer em termos técnicos, quer em termos emocionais. Este será um campeonato muito interessante, pois nós partimos desde logo com o pedigree de sermos bi, o Sporting tem precisamente o treinador responsável por esse duplo triunfo e o Porto, além do Maxi - que foi simplesmente para nos dar uma facada, o grande objetivo da vida deles -, pagou ainda um balúrdio pelo Imbula e estará a pagar outro ao Casillas, ao qual gostava de desejar o maior sucesso do mundo mas enfim, não o poderei fazer.

Quanto ao substituto na lateral defensiva direita, bem, há muitos defesas-direitos por esse mundo fora... É preciso é dar dinheiro por eles como se dá ao desbarato por extremos que ninguém conhece. Precisamos urgentemente de dois novos laterais, um direito e um esquerdo, e espero mesmo que neste defeso não venham conversas de "ah, 7M pelo Siqueira é muito", quando já oferecemos mais por Ola John's e afins. Carrega Benfica!

Pedro Mendes