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domingo, 24 de janeiro de 2021

24 de Janeiro de 2021: a pior derrota para a democracia Portuguesa em 45 anos

Olá.

O resultado do Chega nas eleições legislativas de outubro de 2019 foi de 1,29% dos votos. O que, por si só, já é 1,29% a mais que o que devia ser. Mas enfim, elegeram "só" um deputado, então parece que o país inteiro conclui, muito inteligentemente e em particular da parte dos centristas, que era só fogo-de-vista.

Hoje é dia 24 de janeiro de 2021. Ou seja, menos de ano e meio desde esse dia de 2019. André Ventura, o candidato apoiado pelo Chega, nonuplicou os resultados do partido fascista para estas eleições. É uma palavra estranha, mas existe, e aquilo a que se refere também é, infelizmente, real: o Chega teve mais de NOVE vezes o número de votos nestas eleições presidenciais que teve nas últimas legislativas. Nove vezes.

Vejo muita malta à direita (em particular o Chicão, daqueles fascistas de calças caqui que ficam na toca até que eles voltam ao poder) a celebrar esta vitória do "seu" candidato, eleito maioritariamente com votos de eleitores do PS. E também se vê, como de costume, centristas que se acham muito sábios por serem capaz esde dizer baboseiras como "ambos os extremos estão errados!" - curioso como só se vêem sempre a normalizar a extrema-direita, e nunca a extrema-esquerda -, a ficarem felizes pelo Marcelo ter ganho e, indo mais longe, por pelo menos a Ana Gomes ter ficado à frente do facho.

Eu votei nela, de facto. Não votei na Marisa ou no João, que também mereciam o meu voto e não, de todo, terem ambos, com o Tino incluído se quisermos, menos votos que o Ventura. Mas hoje é um dia péssimo, terrível, para a nossa democracia. Porque significa que há seis vezes e meia (o valor em número de votos absolutos) mais portugueses a votar no regresso do fascismo a Portugal. Porque políticos como Rui Rio, líder do segundo maior partido nacional, volta a defender o fascista, a sua coligação nos Açores e prova que a sede de poder em 2023 é superior à determinação em impedir a escalada do fascismo. E porque o presidente reeleito é conivente com tudo isto, pois não só não condenou a coligação nos Açores, que podia e devia ter feito simbolicamente, como ainda fala nos debates que se deve "debater" com fascistas (digam-me um exemplo na história onde isso resultou).

Não é um bom dia para a democracia portuguesa. É um dia, sim, muito, muito mau, pois a juntar a isto temos ainda uma abstenção superior a 60% - um recorde absoluto em mais de seis pontos percentuais. E é bom que a esquerda, e já quase que peço de joelhos, o PS, se apercebam que se nada muda até 2023, teremos um governo com o Chega coligado. E talvez não haja mais nenhum depois desse.