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domingo, 20 de abril de 2014

Trigésimo terceiro

Custou. Custou ter perdido tudo em Maio do ano passado. Custou tanto que, se em Agosto já poucas esperanças tinha de o Benfica ser campeão, com menos ainda fiquei quando o Porto do Paulo Fonseca abriu uma vantagem de cinco pontos sobre nós... Afinal, qual é o clube que desperdiça uma mão cheia de pontos quando na liderança, sem ser o Benfica?!

Mas parece que me enganei. E ainda bem, pois se é para estar errado, que seja neste tipo de coisas. Apesar de ter sido contra a permanência do Jesus no Benfica para esta temporada (e ainda sou, pois acho que se chegou a um ponto onde o Benfica está demasiado grande para ele, com todo o respeito), o Vieira fez bem em não o ter despedido a meio, e o JJ esteve muito, mas mesmo muito bem, em aguentar a equipa quando esta tinha tudo para entrar numa série de jogos sem vencer. E agora, dia 20 de Abril, Domingo de Páscoa, - e fazendo o trocadilho mais cliché da última semana -, Jesus ressuscitou!

Uma das coisas que disse nesse fatídico mês de Maio do ano de Nosso Senhor de 2013, foi que tínhamos perdido uma grande oportunidade de fazer um "triplete". Afinal tínhamos chegado à final de todas as competições e tínhamos passado 2/3 do campeonato em primeiro! Sim, muita gente o fez e eu próprio também dei o exemplo do Bayern do Jupp Heynckes - que estava prestes a ganhar tudo, após no ano anterior também ter perdido tudo -, mas no fundo, não acreditava muito nisso.
Só que o Benfica deste ano (falo a partir de Dezembro, pois antes disso era uma equipa cheia de fantasmas da temporada anterior) é outro Benfica. É um Benfica que não só ataca bem, como também defende bem; e atenção ao advérbio aqui, que é importante.

O Benfica de Jorge Jesus sempre foi conhecido pela nota artística, pelo rolo compressor, pelas inúmeras goleadas que alcançava ao longo das temporadas. Só que esse mesmo Benfica, também era o Benfica que, em 2010-2011, acabou a temporada numa série de cerca de três meses (agora não sei bem) a sofrer sempre golos. E o Benfica que na temporada passada, naqueles três jogos decisivos que perdeu, sofreu dois golos em cada um... Sofrer dois golos está muito longe de ser uma goleada, mas quando só se marca um, é de facto um aspeto negativo.

Este ano, se calhar o melhor que nos aconteceu foi a lesão do Artur. Não é por acaso que lhe chamamos Rei Artur, mas desde o final da temporada passada que ele se mostrava bastante inconstante nos momentos decisivos. Já era altura de ele ceder o lugar a outro, e desde 2010 que tínhamos nos quadros este jovem guarda-redes esloveno que, no momento em que substitui o Artur no jogo da primeira volta contra o Olhanense, a minha timeline no Twitter parecia que já o conhecia há tempo suficiente para confiar nele - e, no fundo, faz sentido, dado a boa temporada passada que ele fez no Rio Ave. Acho que o Oblak tem tudo para ser um grande guarda-redes, e o facto de só ter sofrido três golos para a Liga desde que é se estreou (e zero na Luz!) faz dele, para mim, o titular indiscutível neste momento.

Agora, ainda há mais três competições em disputa. Esta é a vantagem de ter assegurado o título o mais rapidamente possível (eu teria preferido logo ontem, ao contrário de alguns benfiquistas que quase celebraram o golo do Adrien), pois vai-nos permitir ir com tudo para cima da Juventus esta quinta-feira. Espero que passemos, pois gostava de "corrigir" a derrota na final do ano passado, mas honestamente prefiro a "dobradinha"; há dez anos que não ganhamos no Jamor, e já fomos a duas finais entretanto, pelo que o quarto da centena de Taças de Portugal tem de ser alcançado este ano! E depois ainda há a meia-final da Taça da Liga, para qual  honestamente me estou a cagar, mas claro que, se possível, gostava sempre de ganhar. Num ano em que temos sido claramente melhores que o Porto (e desta vez, também no confronto direto), temos de aproveitar isso e, acima de tudo, construir em cima disso e não deitar abaixo esta oportunidade de recuperar a hegemonia do futebol português!

Houve festejos por todo o país. E tenho a certeza que em países como Canadá, França, Suíça, Angola, Moçambique e muitos outros, também houve muita gente nas ruas. Isto é o Benfica! Com este título, tornamo-nos (de novo) no clube das oito principais ligas europeias com mais títulos nacionais internos. A UEFA recentemente divulgou um estudo onde mostra que o Benfica é o clube da Europa com mais adeptos no próprio país. Estamos no guiness por sermos o clube com mais sócios do mundo. Quando é para criticar, eu sou o primeiro a criticar o Benfica, pois acho que só olhando imparcialmente para o nosso clube é que conseguimos ver o que está mal e conseguimos evoluir... Mas quanto à nossa grandeza, nada a dizer. E este título é dedicado ao Pantera Negra e ao Monstro Sagrado. Para sempre.

Pedro Mendes

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