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domingo, 13 de maio de 2012

Terra batida azul de Madrid


Terminou hoje o Mutua Madrid Open, quarto evento Masters 1000 da temporada (segundo em terra batida) que este ano decidiu inovar e apostar numa inédita terra batida azul. E é nesta frase que assenta a polémica que se fez sentir na capital espanhola esta semana.

De facto, isto não é terra batida normal. A organização pode dizer o que quiser - até mostraram o making-of da superfície, como podem ver aqui -, mas os jogadores não se movem da mesma maneira que em Roma, Paris ou Estoril. Isto é, claro que houve alguns como os finalistas masculinos Roger Federer e Tomas Berdych, além do semi-finalista Juan Martin del Potro, e até mesmo a campeã feminina Serena Williams que não apresentaram grandes queixas da superfície mas são excepções. Para mim isto parece mais um hardcourt do que outra coisa, sendo uma superfície mais rápida que a terra normal europeia.
Os mais prejudicados foram os espanhóis. Não houve nenhum espanhol a ter ido às meias-finais, eles que são os especialistas em terra batida e jogavam no seu próprio país, e a contestação ganhou eco com as ameaças de Rafael Nadal e Novak Djokovic - os dois melhores tenistas da atualidade e finalistas de 2011 - a não jogarem em Madrid no próximo ano. 
Penso que foi uma iniciativa que falhou, não digo redondamente, mas parcialmente. O Mutua é um dos torneios mais importantes em terra batida (que é a principal mini-época para os tenistas europeus) e estar a "inventar" num torneio desta importância era arriscar muito. E o pior é que esta medida acabou por prejudicar, e muito os tenistas da casa... Surpreendente? Sim, até sabermos que o dono do torneio não é espanhol mas sim romeno (com um gosto para os troféus um bocado duvidoso...).
Claro que depois temos Roger Federer e Serena Williams, dois antigos líderes dos rankings mundiais, virem dizer que os tenistas é que se têm de adaptar às superfícies. Eles têm razão, mas nem todos os jogadores têm a versatilidade do Roger e da Serena (que já completaram o Grand Slam e juntos têm mais de 100 títulos). Além de que, se não tivessem ganho talvez mudassem o discurso... Eu pessoalmente discordo desta inovação "azul" mas já que foi feita, sim os tenistas deviam de ter dado o máximo para se adaptarem. E quem o fez, ganhou.

Mas agora passando ao que realmente importa, ao ténis em si.

No quadro feminino, ganhou Serena Williams o seu 41º título da carreira e segundo da temporada - depois de Charleston, como escrevi aqui no mês passado. A norte-americana, que amanhã irá subir até ao 6º lugar do ranking, tornou-se assim na primeira tenista da história a ganhar em terra batida vermelha (Europa), verde (EUA) e azul (Madrid 2012). Mais um grande feito para uma das melhores tenistas de sempre!
A Serena, quando não ocupa o topo do ranking WTA, tem isto: consegue banalizar a nº1 mundial de uma maneira que a faz parecer uma mera top-10 ou top-20. Foi assim com Dinara Safina, Caroline Wozniacki e agora Victoria Azarenka... porém, há uma diferença: apesar de tudo, a Azarenka é uma justa nº1 mundial!

O jogo não teve grande história. A Serena abriu com um break e nunca mais perdeu o ascendente da partida, perdendo apenas um jogo no primeiro set. No segundo parcial, a nº1 mundial melhorou um bocado mas não levou o encontro à "negra" e perdeu com um ponto caricato; Serena serviu e após a bola bater no chão, Vika vai para bater e falha a pancada.
Até agora as dominadoras em terra têm sido Maria Sharapova (venceu em Estugarda) e Serena Williams (triunfou em Madrid). A Azarenka foi a ambas as finais mas perdeu as duas sem vencer qualquer set, deixando antever uma quebra de forma da nº1 nesta passagem para "clay". Penso que vamos ter mais um torneio de Roland Garros muito em aberto!

Agora passando à final masculina, que eu vi do princípio ao fim (tirando as partes em que a stream morria ou quando mudava para o jogo do Manchester City e chamava nomes ao Mancini que acabou por ganhar epicamente!) Mais um título em Madrid para o Federer, o segundo desde que se disputa em terra (havia ganho em 2006 em piso rápido) e o primeiro nesta coisa azul. É também o seu quarto título da temporada (tornando-se no jogador com mais troféus em 2012), o 74º da carreira (mantém-se como quarto maior titulado de sempre) e o 20º Masters 1000 na carreira - igualando Nadal no topo da lista. Quando se fala em Federer é inevitável falar nestas suas marcas...

Mas não se pense que foi uma final fácil! O checo Tomas Berdych, 7º tenista mundial jogou muito bem e se tivesse ganho não era, de todo, injusto!
No primeiro set, dominou o tenista checo. Rapidamente se adiantou com um break e a seguir bastou-lhe assegurar os seus jogos de serviço para vencer facilmente por 6-3. Berdych alinhava winners de qualquer parte do court e conseguia forçar muitas vezes o erro a Federer, que se via sem muitas opções para retaliar.
A segunda partida já foi diferente, a começar logo desde o segundo jogo. Federer quebrou o serviço de Berdych ao segundo jogo (tal como o checo havia feito no primeiro parcial) e rapidamente se adiantou a 5-3. Aí, o suiço serve para fechar mas Berdych quebra e depois iguala a 5-5! Esperava-se um tie-break mas Federer conseguiu manter a compostura e aproveitou um jogo de serviço menos conseguido do checo para fechar o set a 7-5 e levar o encontro para a negra.
No terceiro, Federer começa com dificuldade nos seus jogos de serviço (tendo de salvar break-points nos seus primeiros três jogos) constrastando com um Berdych seguro a volear. A 4-3 favorável ao suiço, este consegue quebrar Berdych e a seguir o público presente na Caja Magica vê Roger Federer a servir para o título! Porém, à semelhança do set anterior, Federer é quebrado e Berdych confirma de seguida para igualar a 5-5. Federer faz o 6-5 de seguida e Berdych serve para forçar o tie-break, mas rapidamente se vê 0-40 abaixo - três match-points para Federer. O checo salva-os com três ases e leva o público ao rubro; mas a seguir, com duas duplas-faltas, Berdych acaba mesmo por ser quebrado (sequência de jogos/pontos típica da WTA) e é mesmo Federer quem eleva o troféu - que esteticamente é horrível, faz-me lembrar tudo menos um troféu.

Ah, e mais importante ainda: com esta vitória, Federer volta amanhã ao 2º lugar do ranking! Nunca pensei que ele voltasse a esse posto, mas agora começo a achar que poderá até mesmo voltar a liderar o ranking... Veremos.

Cumprimentos,
Pedro Mendes

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