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domingo, 29 de setembro de 2013

João Sousa e Rui Costa

Hoje, dia 29 de Setembro de 2013, foi feita história no desporto nacional; atrevo-me a dizer, aliás, que este dia é um dos maiores da história desportiva portuguesa de sempre. O tenista João Sousa e o ciclista Rui Costa, de vinte e quatro e vinte e seis anos respetivamente, elevaram hoje o nome de Portugal a patamares nunca antes alcançados nessas modalidades por um desportista luso.

Ambas as vitórias têm o seu significado; se, por um lado, os torneios ATP 250 são os menos reputados do circuito mundial e o Campeonato do Mundo de Ciclismo, apesar do nome pomposo, não tem de longe a importância no calendário que têm as grandes voltas e até mesmo as chamadas "clássicas", não é menos verdade que são grandes marcos no nosso desporto e que devem, por isso, ser louvados - e, acima de tudo, a capa de TODOS os jornais portugueses (com exceção, talvez, daqueles restritos a um dado tema que não seja o desporto/futebol) deve amanhã ser dividida quase exclusivamente por estes dois homens!

Mas bem, começando pelo ténis. Já na semana passada o João havia chegado às meias-finais em São Petersburgo, tornando-se no segundo tenista português depois de Frederico Gil no Estoril Open'2010 a alcançar fase tão avançada de um evento do circuito mundial. Esta semana, na capital malaia, o vimaranense quis mostrar que o bom resultado na Rússia não havia sido obra do acaso e o público português começou a perceber isso quando Sousa derrotou o número quatro mundial (top3 há uns meses) David Ferrer nos quartos-de-final; o que significa, sem tirar nem pôr, a melhor vitória de sempre de um tenista português!
Continuando a sua jornada, o João derrotou o antigo top10 Jurgen Melzer nas meias-finais e hoje, frente ao Julien Benneteau (que, coitado, já havia perdido as oito finais que jogou anteriormente no circuito profissional), o número um nacional ainda teve de salvar um championship-point no segundo parcial levar o francês de vencida e tornar-se assim no primeiro tenista português a vencer um título de singulares no circuito profissional de ténis; além disso, Sousa subirá amanhã para o 51º posto da hierarquia mundial, que representa a melhor classificação de sempre de um português e que o coloca à porta do lote dos cinquenta melhores.

Esta vitória do João, que há muitos anos que está radicado em Barcelona, é mais uma prova que o ténis português tem muito potencial se for bem aproveitado; caso os apoios que ele teve na Catalunha existissem aqui em Portugal, a modalidade não só se desenvolvia muito mais no nosso país como talvez ele tivesse começado a aparecer mais cedo.

A vitória do João Sousa consumou-se por volta do meio-dia português; por essa altura, em Florença, já se corria para o Campeonato do Mundo de estrada, onde o poveiro Rui Costa partia como um dos nomes a ter em conta. Só vi a parte final da corrida, quando o Rui ganha ao sprint ao Joaquín Rodríguez - dando a ideia que "Purito" se enganou e pensou que já tinha chegado à meta antes do tempo, apesar de também dar a ideia que mesmo assim a vitória seria do português); foi mais uma grande vitória de Costa nesta temporada, que provavelmente o vai levar a terminar o ano perto do top5 no ranking da UCI, ele que será parte integrante da Lampre na próxima época.

E pronto, foi isto que se passou hoje em Portugal; falo de acontecimentos interessantes, não das autárquicas e da tristeza que é a política no nosso país. Esperemos que estes feitos impulsionem de facto a mudança do paradigma desportivo português; pelo menos na minha opinião, o futebol mete-me cada vez mais nojo pela maneira como é jogado e debatido em Portugal, e falo tanto contra o Porto como contra o Benfica.

Um bem-haja,
Pedro Mendes

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